Homefront: The Revolution | Análise
Um potencial enorme comprometido por problemas técnicos mas, segundo os produtores, as coisas não vão ficar assim por muito tempo!
Homefront: The Revolution chega hoje às lojas para PC, Xbox One e PS4 (versão analisada). O jogo transporta-nos para uma realidade alternativa no ano de 2029. Quatro anos após a invasão da Coreia do Norte aos Estados Unidos, a Filadélfia (onde decorre a acção do jogo) está sob o controlo da força militar Norte coreana, o KPA (Korean People’s Army – Exército do Povo Coreano). Ao longo dos vários distritos da cidade, o policiamento é rigoroso e o medo, por parte de quem lá vive, de que o mais pequeno gesto possa despoletar a ira dos patrulhas é constante. O ar que se respira é de extrema opressão mas:
(…) há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções do vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Trova do Vento que Passa – Manuel Alegre
Eis que nas sombras começam a soprar os ventos de mudança e se acende a chama de mudança!
Homefront: Revolution dá protagonismo a Ethan “Birdy” Brady e, numa história que em longevidade ultrapassa as 10 horas de jogo, a nossa principal luta será tentar mantermo-nos interessados em tudo o que lhe vai acontecer. Além do enredo da história principal ser pobre, aliado a um trabalho de voz que não prima pela expressividade, este desinteresse por parte do jogador deve-se sobretudo a duas razões. A primeira cai sobre o protagonista da história, Brady. Além do que tem de fazer e dos objectivos que tem para cumprir, nada sabemos sobre ele. Não sabemos o que o move nem o que espera alcançar. Vamos assistir a confrontos explosivos, vamos fazer parte de momentos de acção, no mínimo, frenéticos, vamos assistir a reviravoltas e incentivar as massas a lutar pela sua liberdade mas no fim de contas… Sempre mudo, Brady não expressa uma linha de pensamento sobre o que se passa à sua volta.
A segunda razão assenta sobre a ausência de um vilão, alguém que represente a quase palpável opressão e que dê a cara por todo o mal que está a acontecer às gentes de Filadélfia. Alguém a quem possamos gritar “somos livres e não temos medo de ti nem do que possas lançar sobre nós!” sempre que comprometemos a sua ocupação, obrigando uma constante adaptação à nossa crescente revolta. Desprovida de representante, aos nossos olhos a KPA mais não passa de um grupo de Bullies armado até aos dentes.
A acção do jogo vai fazer-nos atravessar os oito distritos em que a cidade de Filadélfia se divide e é precisamente aí que Homefront: The Revolution brilha. Apesar de não ser um título visualmente impressionante e da constante quebra de frames, a qualidade da concepção dos cenários, todos eles vastos e bem abertos a várias abordagens, é inegável. Foi a atravessá-los que realmente consegui apreciar este jogo mas a minha experiência não deixou de oscilar entre o gratificante e o algo frustrante. Encontrar um esconderijo ou vasculhar casas abandonadas ao som do vento em busca de mantimentos é, sem dúvida, um dos pontos altos do jogo mas ser detectado através das paredes por um guarda, já nem tanto. Quando corre bem, a acção furtiva é extremamente gratificante, mas algumas vezes tive de a deixar de lado. Isto devido à aleatoriedade da detecção dos guardas, na medida em que por vezes o alcance do olhar de alguns era maior do que o normal. Também podemos atravessar os cenários de mota, passando por grupos de inimigos e saltar sobre rampas a alta velocidade mas digamos que a minha habilidade ao volante… Não é a melhor, vá. Desta feita, sempre que quis fugir a confrontos, passei a “jogar simples” e tudo passou a correr melhor. Se não houver ninguém nas proximidades, caminho normalmente, caso se aproxime algum meliante (ou grupo de meliantes) agacho-me e, caso seja só um, apanho-o de surpresa com a minha fiel faca. Se a tal barra de detecção começar a subir, corro dali para fora. Podemos utilizar o telemóvel de Brady para marcar os soldados presentes na área mas uma vez que o mini-mapa cumpre muito bem a sua função ao indicar-me a sua posição, não senti necessidade de o fazer. Sobretudo, o telemóvel mais me serviu para aceder ao mapa e convenientemente mudar de zona, via Fast Travel.
Quando a acção se mostrar inevitável, não fujam dela. Apesar não inovar no género, Homefront: The Revolution faz-se acompanhar mesmo assim de mecânicas que farão com que os vossos confrontos contra as forças da KPA sejam dinâmicos e variados. Isto devido ao arsenal disponível que permite que cada arma traga consigo uma série de variantes às quais podemos aceder sempre que desejarmos. Uma metralhadora pode passar a disparar minas, a nossa pistola pode transformar-se numa semi-automática mas há mais variantes, muitas mais armas para explorar e acessórios para as personalizar. Pessoalmente, optei pela Pistola, Metralhadora e Sniper ou RPG. Ao nosso dispor há também um vasto leque de engenhocas, como Cockctails Molotov, bombas, ou dispositivos de hack que podemos fabricar. Aqui, dando uso aos vários itens que vamos recolhendo à medida que exploramos os cenários do jogo.
Se houve confrontos em que fiz questão de participar foi na captura de postos avançados. Alguns estão repletos de adversários para derrotar, ou contornar, ao passo que outros obrigam a que exploremos o cenário para os alcançar. Outros só podem até ser acedidos de mota – não me façam falar sobre isso – ou com recurso à mesma, em jeito de puzzle. Não posso deixar de recomendar que percam o vosso tempo a capturar estes locais. Isto porque sempre que morremos, “acordamos” no ponto seguro mais próximo. Acreditem que não vão querer chegar ao vosso objectivo apenas para serem apanhados desprevenidos, morrerem e terem de atravessar novamente o mapa de uma ponta a outra. Capturei mais de trinta postos avançados, parece repetitivo e até é pois, mas a diferença entre cenários obrigou-me a pensar em diferentes formas de os abordar e apesar de algumas frustrações ainda não me fartei.
Paralelo ao modo campanha há ainda outro modo onde os jogadores poderão fazer parte de missões em cooperação com até mais três jogadores. Podemos criar uma nova personagem mas apesar de existir um sistema de progressão, as missões disponíveis actualmente são escassas – cerca de seis missões com duração de 10 a 15 minutos, cada – os problemas acima mencionados persistem mas em grupo, na companhia de amigos ou desconhecidos, este é um aspecto que se torna-se mais fácil de contornar.
A versão especial de imprensa (versão PS4) que recebemos da parte da Ecoplay para efectuar esta análise e cujo gesto agradecemos.
A produção de Homefront: The Revolution foi conturbada. Isso fez-se notar mas os produtores prometeram esforçar-se ao máximo para que num futuro muito próximo a experiência de jogo seja bem melhor do que a que podemos encontrar. Por enquanto, os jogadores poderão seguramente encontrar horas de entretenimento neste jogo pois conteúdo é coisa que não falta. Apesar da história não conseguir prender muito a nossa atenção, os mapas, tal como o armamento são variados e possibilitam várias dinâmicas diferentes, garantindo que os confrontos dificilmente caiam no aborrecimento. Pelo seu conceito Homefront: The Revolution tem um potencial enorme mas que por enquanto está comprometido por questões técnicas. Cá esperamos por vos trazer notícias de futuras actualizações que façam este jogo atingir o grau de qualidade que tanto merece.
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