IndieLisboa 2004

O melhor do cinema independente mundial vai invadir Lisboa. Preparem-se.

Já lá vão alguns meses desde que a Rua de baixo decidiu destacar aquele que é sem sombra de dúvida o maior e mais prestigiado festival de cinema realizado em Portugal. O Fantasporto 2004 foi mais uma vez um grande sucesso e para o ano está prometida uma edição de luxo que irá marcar as bodas de prata do certame tripeiro. Nessa mesma altura, a falta de uma grande evento do género em Lisboa foi referenciada por nós, pois a cidade é um dos pólos mais dinamizadores da cultura nacional e europeia. Já era tempo de haver um festival de cinema na capital.

O QUE É?

O IndieLisboa pretende ser um observatório privilegiado do que de mais interessante se passa no cinema independente em todo o mundo. O principal objectivo é promover a cultura cinematográfica e a criação e alargamento dos públicos de cinema, possibilitando o encontro destes com um conjunto de filmes que de outra maneira só muito dificilmente teriam entre nós a visibilidade que merecem. Em conversa com Miguel Valverde, director e programador do festival, confirmámos o carácter alternativo do festival, “a grande aposta é mostrar filmes de realizadores que sejam ainda desconhecidos em Portugal ou cujos filmes mais recentes não vão ter oportunidade de estreia comercial”.

Tendo no seu cerne uma competição de filmes baseada numa selecção criteriosa e trazendo a Lisboa, entre outros, realizadores, produtores, jornalistas e críticos de cinema, o IndieLisboa quer afirmar-se nacionalmente de forma clara e também projectar-se internacionalmente entre os vários festivais que, no estrangeiro, perseguem os mesmos objectivos de promoção do cinema independente.

OS FILMES

A Competição Oficial do festival é composta por longas e curtas-metragens, de ficção, animação, documentários ou experimentais, nunca antes apresentadas publicamente em Portugal e terminadas em 2003 ou 2004, sendo dada especial preferência a primeiras e segundas obras, numa clara aposta em novos realizadores.

Vão estar 30 filmes em competição: 11 longas e 19 curtas. A competição será composta por 19 filmes europeus (sem contar com os portugueses), mais três filmes da América do Sul, dois do Médio Oriente e um australiano, entre longas e curtas, dos quais destacamos a produção portuguesa com “A Cara que Mereces” de Miguel Gomes e a interessante co-produção Israel/Palestiniana “Atash” de Tawfik Abu Wael Agbariya.

Para além da competição, o festival conta com um Observatório, uma espécie de radar da cinematografia mundial. Serão apresentados filmes que, não podendo integrar a competição oficial por não preencherem os requisitos necessários, são obras essenciais no panorama do cinema independente contemporâneo, como nos sugere Miguel Valverde, “vamos exibir filmes de realizadores talentosos ainda praticamente desconhecidos em Portugal como o Johnny To, o Sabu ou o Errol Morris assim como uma curta-metragem do Nanni Moretti, de 2003, nunca apresentada antes em Portugal”

A retrospectiva Herói Independente é dedicada aos que trabalham em prol de um cinema totalmente livre de pré-conceitos e preconceitos, livre de indústrias pesadas e mercados autistas, livres, sobretudo, de resultados imediatos. Em cada edição do festival, será prestada uma pequena homenagem com a apresentação da retrospectiva da obra de uma personalidade desde sempre associada ao cinema independente, que poderá ser um cineasta, actor/actriz, produtor ou outro.

Na primeira edição do IndieLisboa, a secção Herói Independente será dedicada ao Festival de Cinema de Sundance, o mais antigo e importante certame independente americano, estabelecido em 1978, com o nome de Utah/US Film Festival, e que a partir de 1985 se tornou parte integrante do Sundance Institute, fundado por Robert Redford.

O Festival de Sundance será representado pelo seu director de programação, John Cooper, que estará presente para apresentar a programação desta secção: uma selecção dos melhores filmes apresentados na edição de 2004 do Festival de Sundance (com destaque para o documentário anti-MacDonalds “Super Size Me” de Morgan Spurlock que irá encerrar o festival). John Cooper dará ainda uma Master Class sobre cinema independente e festivais de cinema independente, que terá lugar na Restart.

O JURÍ E OS PRÉMIOS

O júri internacional é composto por personalidades do meio cinematográfico e tem como responsabilidade a atribuição dos dois Grandes Prémios do IndieLisboa – Melhor Longa Metragem e Melhor Curta Metragem -, e também do Prémio de Melhor Filme Português.

Da composição do júri fazem parte, Augusto Seabra (crítico, colunista do Público, tendo sido membro do júri em festivais de cinema como Cannes, San Sebastian, Turim e Taipe), Emmanuel Burdeau (redactor Chefe dos Cahiers du Cinéma e também Programador do Festival Internacional de Documentário de Marselha), João Pedro Rodrigues (cineasta português que tem um novo filme, “Odete” em produção), Jukka-Pekka Laakso (director do Festival Internacional de Curtas Metragens de Tampere) e a cineasta Labina Mitevska da Macedónia.

O júri da crítica é composto por críticos de cinema de meios de comunicação especializados a nível internacional. Este Júri atribuirá o Prémio da Crítica ao que considere ser o melhor filme da secção competitiva.O júri do público será constituído por todos os espectadores pagantes das sessões da Competição e do Observatório, e é responsável pela atribuição do Prémio do Público à longa ou à curta-metragem que obtiver a votação mais alta.

ONDE E QUANDO?

Excepcionalmente, a primeira edição do IndieLisboa irá decorrer entre os dias 24 de Setembro e 2 de Outubro, nas três salas do cinema S.Jorge em Lisboa, sendo que as próximas edições do festival (espera-se que muitas) irão decorrer no fim do mês de Abril, e, para o ano de 2005, já está marcado para decorrer entre os dias 22 de Abril e 1 de Maio.

Depois de grandes problemas na concessão do cinema S.Jorge à Zero em Comportamento, mesmo depois de várias tentativas, parece que a decisão da organização cessar actividades, “constituiu uma espécie de consciência que afinal nós (Zero em Comportamento) estávamos a fazer qualquer coisa de muito útil, visível e com qualidade”, como nos contou Miguel Valverde.

A realização do festival no S.Jorge é bastante importante e possivelmente o maior trunfo da organização, algo que foi sempre indispensável para a realização deste festival, “quando começamos a preparar este IndieLisboa e fomos ter com a Câmara Municipal de Lisboa para apoiar o festival, imediatamente ficou colocado em cima da mesa que era nesta sala que nos interessava fazer o festival. Quando eles nos confirmaram o apoio finalmente percebemos que teríamos a sala que tanto ambicionávamos”.

Os bilhetes estarão à venda a partir de dia 20 de Setembro no cinema S.Jorge, e o preço varia entre os 2 e 3 euros consoante a existência de desconto. Não irão existir qualquer tipo de passe para todos os dias.

Finalmente, Lisboa como grande capital Europeia que ambiciona ser, tem no calendário dos certames internacionais de cinema, um festival que pode ombrear num futuro próximo com os maiores do mundo pois tem todas as condições para ser um sucesso: uma boa organização com pessoas competentes, uma sala lindíssima e carismática e um público super interessado na sétima arte que concerteza irá encher as sessões do festival.

A Rua de Baixo deseja boa sorte à organizção do festival e apela a todos uma visita ao S.Jorge entre os dias 24 de Setembro e 2 de Outubro, pois tem a certeza que irão ver muito bom cinema.



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