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IndieLisboa 2018

A 15ª edição ocorre entre 26 Abril e 6 Maio. Destaques das programação.

O IndieLisboa não é só um festival de cinema, é uma marca identitária da capital do país e um dos principais veículos de divulgação dos trabalhos de cineastas em começo de carreira e não só. Dizer isto seria, ainda assim, demasiado simplista, já que, passados 15 anos de edições (que se completam neste ano de 2018), o festival cresceu não só em público, tornando-se no maior em número de espectadores, mas também em termos de oferta. Foi alargando sempre os espaços onde o cinema independente, longe de estigmas, pressões e expectativas, associados normalmente ao circuito mais comercial, pode respirar e dar-se a conhecer sem medos.

Quando o Indie se estreou em Lisboa, basta recordar que não havia nada ou praticamente nada semelhante, o que é sintomático do percurso que o cinema nestes moldes vem percorrendo, sendo que os triunfos obtidos pelas obras de cineastas portugueses, alguns deles verdadeiramente jovens mas também verdadeiramente talentosos, são já a consequência do fôlego que este festival ou o Doc Lisboa imprimiram de optimismo e espaço de visibilidade. Outros festivais se seguiram a nível nacional e o Indie poderia ter parado ou cristalizado mas, pelo contrário, dinamizou-se a tal ponto que hoje as secções de exibição já quase não se conseguem contar pelos dedos das duas mãos (Competição Nacional e Internacional de Curtas e Longas, Silvestre, IndieJúnior, IndieMusic, Herói Independente, Sessões Especiais, Novíssimos, Boca do Inferno, Director’s Cut).

Fazendo conviver no mesmo espaço, sem distinção, primeiras obras ou estreando os mais recentes trabalhos de nomes consagrados do cinema nacional e internacional, em 2018 o festival faz o balanço das edições passadas mas também olha para o futuro e, apesar de manter os espaços habituais onde os cinéfilos se podem deliciar com o visionamento dos filmes (os mais afoitos até em destemidas maratonas), resolveu expandir um aspecto específico do seu universo: a atenção dada ao mundo dos profissionais que giram em torno do cinema. Este ano haverá, pois, um Festival Center sediado na renovada Biblioteca do Palácio das Galveias, parceira do festival, onde funcionará a videoteca e terão lugar as conferências e os encontros de profissionais da indústria, como a organização do festival os designa. Naquele espaço, o público em geral terá também acesso, nomeadamente, às sessões das Lisbon Talks, conversas informais relacionadas com temas associados ao cinema. Este espaço vem responder à necessidade de um local onde jornalistas, cineastas, produtores, programadores de festivais ou críticos possam encontrar-se, fazer negócios, estabelecer contactos, para além de ponto de encontro entre cineastas e público.

Haverá lugar ainda para as já habituais Lisbon Screenings, organizadas pela Portugal Film – Agência Internacional de Cinema Português, sessões de visionamento que decorrem no Pequeno Auditório da Culturgest de 27 a 29 de Abril e têm o objectivo de apresentar novos filmes portugueses, inéditos e em diferentes fases de desenvolvimento, a directores e programadores de festivais, compradores internacionais e distribuidores e convidados exclusivamente para estas sessões.

Em 2018, entre cinema nacional e internacional, são 245 os filmes seleccionados de um universo de 4500 obras submetidas a apreciação desde o ano passado e compreendendo trabalhos terminados no ano transacto ou já neste mesmo ano da 15ª edição. Daqueles 245, 49 são filmes portugueses e, destes, 18 integram a competição nacional, numa edição na qual o festival, juntando-se ao movimento de defesa do cinema feito em Portugal e numa altura em que a nova lei do cinema é alvo de contestação sobretudo no que diz respeito ao processo de nomeação dos júris, decidiu abrir e encerrar pela primeira vez na sua história com obras portuguesas. Assim, “A Árvore” de André Gil Mata será o filme de abertura e “A Raiva”, de Sérgio Tréfaut, o de encerramento, não esquecendo, entre ambos, as outras dezenas de filmes portugueses, claro, em que se incluem trabalhos de veteranos como Teresa Villaverde, Graça Castanheira ou Edgar Pêra, entre outros.

Na secção do Herói Independente, serão homenageados a cineasta argentina Lucrécia Martel e o realizador francês Jacques-Rozier, um dos nomes impulsionadores da Nouvelle Vague e, porventura, o menos conhecido, hoje com 91 anos, que estará presente para uma conversa com o público. Lucrécia Martel regressa ao festival para apresentar o seu novo filme em antre-estreia nacional (uma co-produção portuguesa, curiosamente), 15 anos depois de ter apresentado “La Niña Santa”, precisamente na primeira edição do Indie, fazendo um pouco jus à relação de proximidade e continuidade que o festival sempre quis estabelecer com os seus intervenientes, sobretudo os cineastas. Lucrécia Martel estará igualmente presente para uma masterclass integrada nas Lisbon Talks, a 29 de Abril, moderada pela também cineasta Cláudia Varejão.

Os públicos mais novos são também uma das preocupações do festival e o IndieJúnior é disso prova, promovendo a formação estética de crianças e jovens através das sessões especiais, oficinas e eventos para toda a família. A programação deste ano tem a particularidade de ter tido o contributo dos alunos de uma turma do 9º ano da Escola D. Filipa de Lencastre, dando origem à secção “Eu Programo um Festival de Cinema” (+12 anos).

A programação da secção musical, IndieMusic, é igualmente ecléctica e dedica-se este ano a filmes sobre M.I.A., L7, Ryuichi Sakamoto e The Slits, incluindo ainda um filme-concerto de John Parish a 4 de Maio no Grande Auditório da Culturgest. Apresentado pela primeira vez em Portugal, “Screenplay” sobe ao palco no Hard Club, no Porto, a 3 de Maio, e no dia seguinte integra, então, a programação do IndieLisboa. A música estará também presente nos eventos pós-sessões de cinema através do IndiebyNight, em espaços como a Casa Indepentente, a garagem da Culturgest, onde decorrerá, a 5 de Maio, a festa de encerramento, e o Hub Criativo do Beato (Casa do Pão).

IndieLisboa 2018|15ª Edição 26 Abril - 6 Maio

O IndieLisboa começa a 26 de Abril e prolongar-se-á até 6 de Maio, com programação distribuída entre o Cinema São Jorge, o Cinema Ideal, a Culturgest e a Cinemateca e a imagem da 15ª edição esteve a cargo de Bráulio Amado, ilustrador português a viver em Nova Iorque, convidado pela organização, e que pretendeu reinventar um pouco o logo para algo mais minimal e em tom de rasgo, algo a que o próprio, admirador confesso do festival, atribui como propósito do Indie no panorâma do cinema português, ser esse rasgo.



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