IndieLisboa 2012
É possível imaginar Lisboa sem o Indie? Sim, mas sem dúvida que não seria a mesma coisa
Nota: Reportagem diária AQUI
Já é difícil imaginar a vida na capital portuguesa sem o seu Festival Internacional de Cinema Independente, vulgo IndieLisboa. Na sua 9ª edição, o festival apresentará 233 filmes — 82 longas-metragens e 151 curtas; tocando a ficção, o documentário, a animação, e o cinema experimental — em 222 sessões espalhadas pelo Cinema São Jorge, a Culturgest e o Cinema Londres, entre 26 de Abril e 6 de Maio.
A sessão de abertura do Indie, na próxima quinta-feira, dia 26 de Abril, caberá a “Dark Horse”, de Todd Solondz, um dos mais conceituados cineastas independentes norte-americanos. Não será o único filme de um peso-pesado a ser apresentado no festival: “Into the Abyss”, documentário sobre condenados à morte nos Estados Unidos do alemão Werner Herzog; “4:44 Last Day on Earth”, filme apocalíptico de Abel Ferrara; “Take Shelter”, de Jeff Nichols; e a nova adaptação do clássico “Wuthering Heights”, por Andrea Arnold, terão a sua primeira exibição em Portugal.
No entanto, um festival como o Indie faz-se mais para mostrar novos autores do que para consagrar nomes seguros. As diversas competições — divididas por curtas e longas-metragens, nacionais e internacionais — e a secção “Cinema Emergente” são os locais ideais para o fazer (sendo que se podem encontrar alguns nomes cuja futura consagração é uma aposta relativamente segura, como Yorgos Lanthimos, autor do notável “Canino”, que aqui surge com “Alpis”). O novo Cinema Suíço terá particular destaque em “Cinema Suíço – Um Bando à Parte”, que se concentrará num conjunto de realizadores de Lausanne, que formaram a godardiana produtora “Band à Part” e pretendem criar um cinema de qualidade para o público (“L’Enfant d’en haut”, de Ursula Meier, premiado no último Festival de Berlim, será um dos filmes exibidos).
Numa altura em que o Cinema Português atravessa uma crise que ameaça paralisá-lo, o Indie exibirá 38 obras nacionais — 24 em competição —, entre as quais as últimas curtas-metragens de João Salaviza: “Cerro Negro”, em estreia, e “Rafa”, Urso de Ouro em Berlim este ano. Também serão apresentados novos documentários de João Canijo (“Raul Brandão era um grande escritor…”) e João Mário Grilo (“A Vossa Casa”).
A crise do Cinema Português não se resume à produção de filmes; também os festivais têm sofrido com os cortes de subsídios. Por isso, neste ano de vacas magras, não haverá a habitual secção “Herói Independente”, que costuma dar a conhecer filmografias pouco ou nada exibidas em Portugal. Em jeito de substituição, haverá uma homenagem ao Festival de Cinema de Viena (“Parabéns, Viennale”), em que serão apresentados cinco filmes, um por cada década de existência do mesmo, escolhidos pelo director Hans Hurch.
Não esquecer, ainda, as secções “Pulsar do Mundo” — documentários sobre a actualidade —, “IndieMusic” — com o documentário de Jonathan Demme sobre Neil Young (“Neil Young Journeys”) e o divertido “Vou Rifar Meu Coração”, sobre a música brega brasileira —, e o “IndieJúnior” — para o público infanto-juvenil. E o “Indie By Night”, que tomará conta da Rua Nova do Carvalho, no Cais do Sodré (temporariamente renomeada Rua Dr. IndieLisboa), com festas ao ar livre e dentro dos vários bares da zona, durante o festival.
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