Eat That Question Frank Zappa

IndieMusic

Tangerine Dream nos sintetizadores, Frank Zappa no rock (de intervenção). 

Já vamos um pouco atrasados para falar do IndieLisboa, mas ainda assim, não poderíamos deixar passar sem falar do IndieMusic. Entre outros belíssimos documentários, destacamos dois que podemos considerar como um duelo de mentes geniais , e que de certa forma, fizeram história na música da década de 70 e daí em diante.

Em nada se cruzam, em pouco se tocam. No entanto podemos encontrar-lhes semelhanças nem que seja ao nível da revolução.

Tangerine Dream foi o sonho de Edgar Froese que aos 16 anos começou a fazer música de garagem com os amigos numa cave de Berlim, numa altura em que a cidade efervescia. Edgar Froese começou a brincar com as drum machines e sintetizadores para se aproximar cada vez mais do universo e do cosmos, e dos sons que produziam as estrelas. 

Zappa aos 17 anos apareceu num programa de TV pronto para tocar bicicleta. Sim, bicicleta…mas já lá chegaremos!

Revolution of Sound: Tangerine Dream

Tangerine Dream, 1980

Revolution of Sound: Tangerine Dream, de Margarete Kreuzer

Tangerine Dream é ficção científica!

Já dizia Edgar Froese que filmou praticamente todas as imagens que vemos no documentário e nos deixou um legado musical de 48 anos. Durante mais de 50 anos Edgar e a sua banda exploraram a fundo o som e seu efeito nas emoções, e o filme fala da origem da banda e da sua grande inspiração na space age dos 60s: desde o lançamento de foguetões a visões do futuro, os Tangerine Dream deixaram-se levar pela sua batida, aquela que vem do coração e em qual Froese se baseou para compor. 

Juntando-lhe o Moog e os sintetizadores a banda revolucionou a música popular. As suas demandas levaram-no até aos confins da música clássica, da música que se fez nova e das bandas sonoras. Froese escolheu ver moods ao invés de criar música claramente estruturada. Realizadores como Michael Mann e Paul Brickman falam-nos das suas intensas colaborações com Froese que fizeram nascer algumas das melhores bandas sonoras dos 80s para filmes como Risky Business (1983) ou Near Dark (1987), e também para videojogos GTA V, numa estrondosa apoteose de 37 horas de música. Este documentário resulta numa bonita coleção de imagens quase amadoras, entrevistas com os membros da banda, familiares e colegas como Jean-Michel Jarre que nos falam de Tangerine Dream como verdadeiros pioneiros da música electrónica. 

Eat That Question: Frank Zappa in his own words, de Thorsten Schutte 

Nostálgico de baladas dos anos 60, compositor de sinfonias, ativista, atrevido, não há ponta por onde se peguem as descrições de Zappa. Estamos a falar daquele mesmo que compôs dois temas para serem tocados em bicicleta, daquele que por sua vontade, sempre fugiu à norma. 

Neste documentário encontramos uma manta de retalhos de entrevistas e filmagens realizadas durante todo o percurso da sua carreira e por este motivo, carrega uma extrema transparência e sinceridade porque é apenas o artista a falar por si, seja em concertos, entrevistas, conversas, noticiários etc.

Como já se sabe sobre Zappa, ele nunca deu respostas politicamente corretas nem criou consenso, até porque era o primeiro a dizer que “as entrevistas estão a dois passos da Inquisição”. Dizer palavrões, usar ironias e metáforas nas suas canções abriu um debate público sobre a famosa etiqueta de Parental Advisory que começaram a aparecer nos seus discos. Zappa existiu para dizer o que não se queria ouvir, falar da sujidade politico-social que se vivia e para nos fazer sentir um pouco da sua rebelião através da música. 

Dedicou os últimos momentos de inspiração musical, deixando o rock, dedicando-se à música clássica, já como prenúncio dramático do que a doença lhe havia trazido. 

E quando lhe perguntaram como se descreve a si mesmo: 

Excêntrico? Com toda a certeza. Génio? Talvez!



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