Inviita | Entrevista
A Apple destacou pela segunda vez a aplicação portuguesa e nós fomos conhecer este caso de sucesso. Entrevista com Joana Baptista, uma das fundadoras na Inviita
Pela segunda vez no espaço de apenas seis meses, a Apple destacou a portuguesa Inviita como uma das aplicações que os viajantes mais devem ter em conta. Depois de em Outubro ter considerado a Inviita como “Best New App” na sua semana de lançamento, desta vez a empresa americana destacou-a em 20 países, aconselhando a App para quem pretende planear um “City Break”.
Vencedora do Vodafone BIG smart cities 2014 – competição de empreendedorismo e inovação promovido pelo Vodafone Power Lab, a Inviita distingue-se por criar roteiros com base no estado de espírito do utilizador, não se limitando apenas a dar sugestões de locais de interesse de acordo com a localização. Em vez disso, oferece um conjunto de experiências e roteiros personalizados, fazendo-o de forma simples e intuitiva.
Disponível em qualquer cidade do mundo a App criada e desenvolvida em Portugal já tem uma comunidade global de mais de 16 mil utilizadores oriundos de 128 países onde Portugal, Reino Unido e Espanha são os mais proeminentes.
Quisemos conhecer melhor a Inviita e o seu percurso. Conversámos com Joana Baptista, uma das fundadoras do projecto, que nos deu uma excelente perspectiva sobre os desafios que foram sendo colocados e indicações a quem procura arrancar com o seu projecto.
Quem é a Joana Baptista? Qual foi o teu percurso académico e profissional?
A Joana é uma miúda de Santarém que veio para Lisboa com 17 anos, estudar Engenharia Biomédica no Técnico. Até terminar o Mestrado fiz de tudo um pouco para ter a minha liberdade económica, desde produção de eventos, trabalhei em bares, restaurantes… No Técnico fiz investigação na área da Biomecânica e trabalhei como consultora na área das telecomunicações. Desenvolvia software. No fundo sou um misto de geek com relações públicas! Mas todas estas áreas me deram valências para fazer o que faço hoje. Lidar com pessoas, gerir equipas e ter uma empresa tecnológica.
Como surgiu a Inviita na tua vida?
Surge num momento em que sentia que queria mudar, fazer algo diferente. Na altura discuti algumas ideias com o Bernardo, um dos fundadores da Inviita, e começou por ser algo totalmente diferente. Uma Guesthouse onde eu poderia receber pessoas e mostrar-lhes Lisboa ‘Through My Eyes’, oferecendo aos meus clientes os meus roteiros personalizados por Lisboa. Foi assim que começou este projecto, com este nome!
Explica-nos o que é a Inviita e o que podem os utilizadores esperar da aplicação
A Inviita hoje é uma aplicação que cria automaticamente roteiros, em qualquer cidade do mundo, de acordo com o estado de espírito do utilizador. Damos sugestões de lugares para visitar, restaurantes e permitimos a reserva de diferentes tipos de actividades e hotéis.
Tem uma forte componente social; o utilizador pode seguir outras pessoas e rapidamente ver roteiros de outros utilizadores para se inspirar.
É uma óptima aplicação para viajantes, mas os nossos utilizadores também a utilizam bastante para descobrir a sua própria cidade!
sou um misto de geek com relações públicas
Inspiraram-se em outros serviços/aplicações?
Na verdade não. O projecto surgiu desta ideia da Guesthouse mas evoluiu de forma natural. Com a ideia inicial do ‘Through My Eyes’ concorremos ao Vodafone BigApps, um concurso focado em soluções para turismo, mas com um conceito mais abrangente onde todos podiam criar e partilhar os seus roteiros em Lisboa. Depois de vencer o concurso abrimos o conceito para o mundo e mudámos o nome. Inviita, um convite (invite) à partilha de experiências reais (in viita)!
Como foi o processo de arranque?
Na altura que vencemos o concurso já éramos 4: eu, o Bernardo, a Natacha e o João Bernardo. Decidimos que iríamos colocar uma aplicação no mercado sozinhos e estivemos alguns meses em bootstrapping, a trabalhar no Vodafone Power Labs, sem empresa nem salários. Depois de lançarmos o primeiro piloto da Inviita, em Maio de 2015, conhecemos o Paulo Neto Leite que se juntou à equipa dois meses depois. Foi o nosso Business Angel e a primeira pessoa que acreditou e investiu no projecto.
Quais foram as maiores dificuldades? Foi fácil criar um plano de negócio?
Nós os quatro temos formações completamente distintas e isso ajudou bastante. O mais difícil talvez tenha sido superar alguns desafios técnicos, quando ainda éramos só os quatro. Criar um plano de negócios é uma escola imensa! Mas não lhes chamaria dificuldades. Desafios sim! Todos nós adoramos o que estamos a fazer e isso ajuda muito à motivação diária.
São precisos muitos casos de sucesso, e de insucesso também, para que o ecossistema evolua e passe a ser algo natural
Qual a importância do Vodafone BIG Smart Cities no vosso percurso?
O concurso permitiu-nos ficar incubados no Vodafone Power Labs e este foi até há bem pouco tempo a nossa casa. Para além do prémio monetário, permitiu que tivéssemos um local para desenvolver a aplicação. Tivemos sempre o apoio de uma rede de mentores e da própria Vodafone, com quem temos uma óptima relação. Ajudaram-nos sempre, até ao lançamento da aplicação no mercado.
O projecto foi pensado tendo como target o mercado internacional?
A nossa escala é mundial, mas a nossa estratégia é local.
Começámos com o mercado nacional e continuamos a crescer em Portugal, mas neste momento o Reino Unido e Espanha são já dois dos nossos mercados mais fortes. Queremos continuar a crescer em Portugal e lá fora também, obviamente.
É preciso uma certa dose de coragem e resiliência, mas se a ideia é boa e viável… Como diríamos na Inviita: ‘Bora!
O que mais te tem fascinado nesta experiência?
A criação da tua própria empresa, com a sua cultura e dinâmicas de trabalho. O facto de ser constantemente colocada à prova e fora da minha zona de conforto. Cresci bastante profissionalmente e pessoalmente nos últimos dois anos. É uma montanha-russa de emoções!
Em Portugal existe uma mentalidade muito penalizadora do insucesso, o que pode limitar as pessoas a arriscar em projectos. Concordas? O que é preciso fazer para alterar essa mentalidade?
Concordo. Ainda existe uma mentalidade muito adversa ao erro e ao insucesso mas que vai sendo alterada à medida que vão surgindo mais pessoas com vontade de criar o seu próprio negócio. Gradualmente começam a surgir iniciativas e infraestruturas que permitem ser possível iniciar projectos assim. São precisos muitos casos de sucesso e muitos casos de insucesso também, para que o ecossistema evolua e passe a ser algo natural.
Sentes que existe uma nova geração de empreendedores? É mais fácil arranjar financiamento para uma boa ideia?
Sinto que existem cada vez mais jovens com muito boas ideias e negócios bastante viáveis. Se existe uma nova geração de empreendedores eu faço parte dela e não estava tão atenta antes como estou agora, confesso. Existem muitos veículos de financiamento em Portugal, sobretudo para uma boa ideia. Mas é necessário existir mais capital de risco para abraçar ideias quando estas ainda são exactamente isso… ideias.
A quem tiver uma ideia que ache ser viável o que aconselhas a fazer?
Testar, testar e testar essa ideia ou negócio. Obter o máximo de feedback de potenciais clientes/utilizadores. Falar com o máximo de pessoas possível e rodear-se de mentores com experiência. Preparar-se mentalmente para ouvir muitas vezes ‘não’, ‘não é suficiente, não vais conseguir’. É preciso uma certa dose de coragem e resiliência, mas se a ideia é boa e viável.. Como diríamos na Inviita: “’Bora!”.
O que imaginas estar a fazer daqui a 10 anos?
Vou sem dúvida estar a fazer algo que me apaixona e que me faz acordar com a mesma energia com que acordo hoje! Espero que seja a gerir uma empresa chamada Inviita mas, se o rumo for outro, gostava muito de estar a fazer algo que tivesse impacto directo na vida das pessoas, especialmente na área da educação onde acho que existe uma necessidade brutal de evolução.
Para finalizar a nossa conversa convidámos a Joana a escolher um música. Para ela a música está “associada a todos os momentos da vida” e a música escolhida é da sua banda preferida e que lhe deixa sempre “um sorriso na cara” – The Beatles – Here Comes the Sun
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