JAMES HOLDEN & IVAN SMAGGHE @ LUX

Aos 19 anos já era visto como o “menino prodígio” da electrónica inglesa. O problema com os jovens prodigiosos é que muitas vezes têm também uma prodigiosa capacidade de se perderem perante as ilusões da fama rápida. Mas Holden não só não se perdeu, como conseguiu criar de forma meteórica uma identidade sonora única para si e para a sua editora. Afinal, quantas editoras ou artistas há, cujos nomes são usados para descrever um tipo de música? Ao descrevermos um disco a alguém usando as expressões “isto soa a Border Community” ou “parece James Holden”, qualquer ouvinte informado saberá de imediato do que falamos. E possuir tamanha personalidade musical nos tempos que correm, é razão para culto.

E é culto aquilo que lhe prestamos, e é de culto que se fala quando tentamos entender a sua música, ou os seus sets, mesmo que qualquer tentativa de explicação ou compreensão pareça insuficiente. Eis alguém que diz que faz e toca a música que gostaria de ouvir se estivesse sob o efeito de alucinógenos, mas que duvida que mais alguém gostasse do mesmo, na mesma situação. Alguém que é um génio matemático apreciador da ordem, mas que arrisca balançar-se na fina linha que separa a música para clubs, da música para ouvir em casa, no mesmo set. Enfim, alguém que em tempos nos avisava de que “os idiotas estão a ganhar”, mas aconselha a quem o venha ver, a vir vestido de druida de Stonehenge e a trazer galinhas para o sacrifício. Como num culto. O culto do belo, do bizarro e do transcendente, do xamã psicadélico James Holden. Deixemos que ele nos ilumine. (Nuno Mendonça)

IVAN SMAGGHE – “Le Terrible”. Mesmo que o seu nome não se prestasse tão facilmente a que lhe fosse atribuído este epíteto, o certo é que Ivan Smagghe sempre lhe fez juz. Mesmo há mais de 20 anos, quando ainda lhe chamavam Ivan Rough Trade, educando musicalmente os parisienses na loja de discos do mesmo nome (tentando vender-lhes mais do que apenas música electrónica). Nos dias de hoje divide-se entre produções sob o nome It´s a Fine Line, residências em Paris e Londres, duplas mais que ocasionais com Andrew Weatherall e DJ sets de um ecletismo selvagem.

Desengane-se quem pense que estamos perante um rebelde descerebrado. Smagghe sabe bem o que faz, para onde vai, e onde nos quer levar. É frequente ouvi-lo rezingar contra DJs preguiçosos (afinal, a sua label chama-se Kill The DJ), house chato e nu-rave ou trintões nostálgicos pelos tempos do electro-clash, mas também observamos a alegria de criar sets com ideias ou temas bem definidos, e o surpreender de uma audiência conhecedora, num bom sistema de som, num clube com pouca luz. E, confesso apreciador da arte da magia como Smagghe é (quase de certeza magia negra, dizemos nós), podemos afirmar que estão reunidos a pista, o público e o palco, para Smagghe criar no Lux, A Grande Ilusão. (Nuno Mendonça).



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