Jamie Cullum @ Sagres Campo Pequeno (23.03.2023)
Concerto de metamorfoses musicais
Foi na passada quinta-feira que o britânico Jamie Cullum passou pelo Sagres Campo Pequeno e não deixou ninguém indiferente.
Ainda que o concerto tenha começado um pouco depois da hora anunciada e de modo tímido, gradualmente foi tomando proporções festivaleiras. A abrir com «Taller», música que dá nome ao último álbum, editado em 2019, Jamie Cullum foi variando a setlist entre temas mais recentes e mais antigos sem esquecer os seus covers, usando o piano como um instrumento multifacetado.
Entre os covers cantados esteve a sua versão de «Shape of you», de Ed Sheeran, incluída no projeto “The Song Society” e «Please don’t stop the music», de Rihana, incluído no album de 2009, “The Pursuit”. Este último, que é provavelmente o seu cover mais conhecido, teve uma roupagem de improviso que deixou o público tão entusiasmado, que o foi necessário pedir que controlassem o seu ímpeto para o acompanhar com palmas.
Recuando ao álbum de 2003, para além de «Twentysomething», Jamie também cantou «I get a kick out of you», da autoria Cole Porter. Porém foi com «Sinnerman», de Nina Simone, que a escala de emoções atingiu o ponto de ebulição. O que começou por ser um concerto intimista de jazz, fugazmente se tornou num concerto de fusão de jazz e reggae transportando-nos, de repente, para um festival de verão. Não seria surpresa se o voltássemos a ver ainda este ano na época alta dos festivais ou quiçá, no final do ano para anunciar o espírito natalício com as músicas que criou para esta época.
O piano é também o trampolim para um dos momentos habituais dos seus concertos – os saltos do piano. O segundo salto, e mais enérgico, aconteceu ao som de «When I get Famous», tema de “Momentum”, depois de visitar os sortudos que conseguiram lugar na plateia. Mas as surpresas não se ficaram por aqui. Com o serão a aproximar-se do fim, Jamie Cullum reuniu todos os elementos da sua banda à frente do palco e juntos cantaram a capella «Mankind» proporcionando um momento de generosidade humana.
As saudades do público português deram-lhe ânimo para recuperar de uma gripe e presentear-nos com duas horas de uma montanha-russa de melodias e géneros musicais, como podemos ver numa das suas últimas publicações do Instagram. Jamie Cullum é um master puppet de qualquer público, que aprecie ou não jazz, até porque os seus concertos são sempre mais do que isso. São uma experiência sensorial que aconselho a todos os leitores.
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