Jemima Stehli

O Centro de Artes Visuais, em Coimbra, acolherá até ao próximo dia 21 de Março uma apresentação da obra fotográfica da artista londrina.

O Centro de Artes Visuais, em Coimbra, acolherá até ao próximo dia 21 de Março uma apresentação da obra fotográfica da artista londrina, Jemima Stehli, cujas preocupações centram-se na problemática do corpo, da auto-representação, do erotismo, do fetichismo e consequentes relações de poder.

A exposição foi sugerida pelo artista Julião Sarmento e apresenta diversas séries de fotografias em que a artista utiliza o seu próprio corpo, muitas vezes completamente despido, e faz citações específicas a determinadas obras.

Julião Sarmento e Jemima Stehli conheceram-se há três anos através do crítico Adrian Searle. “Há afinidades electivas que fazem com que as pessoas se aproximem umas das outras”, diz Sarmento.
Organizada em quatro grupos, a mostra reúne 17 das obras de Stehli, entre um núcleo dedicado ao trabalho de Allen Jones, outro a Helmut Newton, a série “Strip” e uma última a partir das peças do pintor inglês Francis Bacon. Ao mesmo tempo é inaugurado o primeiro de uma série de “Project Rooms” dedicados à divulgação de novos autores. Comissariado por Miguel Amado, esta primeira série apresenta trabalhos de Catarina Felgueiras e Nuno Ramalho, ambos formados em 1999 pela Faculdade de Belas Artes do Porto, cidade onde vivem e onde têm exposto no circuito alternativo, em espaços como os Maus Hábitos, a Caldeira 213 ou o PêssegoPráSemana.

O trabalho de Jemima Stehli explora as relações entre estética, género e desejo. Utilizando o seu próprio corpo nú, Jemima Stehli recorda imagens icónicas de momentos recentes da história da arte com o intuito de chamar a atenção para as relações de poder, onde a objectivação e o prazer co-habitam.

Para terem uma ideia de como a provocação está omnipresente no seu trabalho, a apresentação do seu trabalho “Strip”, de 1999/2000 originou uma certa controvérsia. Tratava-se de uma série de fotografias, que Stehli fez em colaboração com uma série de críticos masculinos. Nessas imagens, a artista é vista de trás, nua ou quase, na parte da frente; por detrás do estúdio vazio, sentam-se os homens completamente vestidos segurando os fios de uma câmara. Evocando a ideia de que o homem controla a imagem da mulher, as fotografias levantaram uma série de questões acerca da intersecção de géneros, poder e estética. Só a mera junção de críticos com artistas numa mesma obra já levanta questões… Também “Wearing Shoes Chosen by The Curator”, apresentava Stehli deitada totalmente nua no chão da galeria usando apenas um par de sapatos.

O trabalho da artista centra-se sempre na imagem propriamente dita e não na situação social que ela representa. Aqui, pega na crítica feminista da imagem construída do artista masculino reformulando momentos da história da pintura e da fotografia. Mas ela evidencia o corpo feminino como um objecto glamoroso.

No passado, Stehli tem trabalho geralmente assumindo o lugar de um objecto feminine num trabalho já existente por um artista masculino. Um recente conjunto de fotografias a larga escala mostravam-na duplicando as poses e costumes dos manequins das esculturas de Allen Jones (1960). Mais tarde fotografou o seu body da S&M com a intenção de revelar a natureza erótica da sua resposta ao trabalho de Ad Reinhardt.

Os seus novos trabalhos mantêm muito do visual atraente das suas anteriores fotos, mas alteraram-se um pouco com a perseguição de Stehli a várias investigações ao mesmo tempo.

Jemima Stehli já teve exposições a solo em Milão e por toda a Inglaterra. Nas exposições colectivas contam-se algumas em Londres, na Aústria, em Nova Iorque e no Canadá. Portugal contará com a sua presença no Centro de Artes Visuais, em Coimbra até ao próximo dia 21 de Março.



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