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Jesca Hoop @ Cine-Teatro Turim (22.02.2024)

A recentemente reanimada sala de espectáculos do Cine-Teatro Turim abriu as suas portas para receber, pela primeira vez, uma artista internacional: Jesca Hoop, californiana de nascimento, mas residente na britânica Manchester há uns bons anos. Este espaço em Benfica voltou a ganhar vida em Setembro, tendo acolhido desde então mais de 150 eventos, entre sessões de cinema, peças de teatro e até stand-up comedy, sob o entusiasmante lema “Um teatro em cada bairro”. Esta estreia em termos de eventos internacionais, que coincidia simultaneamente com a primeira vinda artística de Jesca Hoop (que já tinha visitado o nosso país, mas em lazer), justificou a presença e umas breves palavras do Presidente da Junta, Ricardo Marques.

A escritora de canções dedilha ao longo de todas as suas composições, numa demonstração adequada ao labor que coloca na construção das mesmas, como quem descasca um fruto delicioso para a audiência, que o degusta atentamente em todos os instantes.
As vocalizações conseguem soar frágeis e arriscadas ao mesmo tempo, com Jesca a atingir timbres bem agudos e imprevisíveis, em especial no auge de algumas músicas, como em «Pegas» ou «Free of the Feeling», por exemplo. O facto de se apresentar sozinha em palco, munida apenas de um par de guitarras eléctricas, acentua indubitavelmente essas sensações, contribuindo igualmente a envolvência do intimista Cine-Teatro Turim.

A cantautora mostrou-se uma comunicadora afável, com tiradas bem sui generis, numa toada sempre bem disposta, independentemente do que ia confessando ao público. Abordaram-se relações, amorosas e/ou sexuais, a admiração aos pássaros,

A noite terminou, já em registo de encore, com «Hunting My Dress», uma canção que versa sobre tempos de vida mais simples, durante os quais Jesca Hoop viveu numa cabana literalmente engolfada pela natureza, e que serviu certamente como um desejo colectivo por parte dos presentes. Especialmente quando testemunhamos tempos tão conturbados, um pouco por todo o globo.

Nós perdoamos-te, Jesca. Não sabemos bem porquê, mas perdoamos. Talvez por termos esperado tantos anos para a primeira aparição em palco em Portugal. Mas estás perdoada.

Alinhamento:
– Sudden Light
– Hatred Has a Mother
– Pegasi
– Outside of Eden
– Murder of Birds
– Born To
– Free of the Feeling
– Enemy
– Footfall to the Path
– Like I Am Time
(encore)
– Hunting My Dress



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