Joanna Newsom & Six Organs of Admittance
O Lux recebe, a 21 de Abril, uma bizarra cantautora e a ambiguidade musical da banda de Ben Chasny.
Imagine-se uma cantautora norte-americana que trocou a típica guitarra acústica por uma harpa. O resultado desta mistura é o trabalho singular de Joanna Newsom que consegue reunir entre os seus admiradores nomes como o de Will Oldham e Cat Power.
Joanna não é estranha à harpa. Esta Californiana começou a aprender a tocá-la precocemente aos oito anos de idade, aprendendo técnicas de harpas célticas, senegalesas, venezuelanas e ocidentais. Quando já tinha 14 anos, começou a escrever peças instrumentais para a harpa e, mais tarde, estudou na Mills College Center for Contemporary Music. Agora, com 22, a artista conta já com dois álbuns lançados e algumas polémicas. Com “Milk-eyed Mender”, o seu primeiro registo, as opiniões dividiram-se entre quem dizia que ela não passa de uma hippie demente, por acaso sobrinha do Mayor de São Francisco, e aqueles que na verdade escutam o seu trabalho e reparam na estranha mistura que ele representa.
A sua voz não é um trunfo. A autora diz querer perseguir a inocência, mas também a força e o poder que sentia enquanto criança. A inocência é-nos apresentada pela sua voz tímida, enquanto que a força e o poder vem nas notas lançadas pela sua harpa multiusos. Joanna Newsom toca ao vivo com Devendra Banhart, de quem é amiga, encaixando-se bem o trabalho de uma e outra.
“The milk-eyed mender” é o segundo LP da cantautora e o primeiro pelas mãos na Drag City. Trata-se mais de uma “revisão” mais bem trabalhada do seu primeiro EP, “Walnut Whales”, do que de um novo registo. O seu trabalho tem uma certa afinidade com a folk dos anos 60 e com o actual movimento bluegrass. Ela canta sobre ossos de baleia, o sono, gramática, moluscos, o jantar, leite, dentes, entre outros assuntos que não lembram a ninguém, adquirindo talvez daí o rótulo de hippie demente. O concerto irá certamente surpreender os presentes e cativar aqueles que estão sempre receptivos a novas e interessantes misturas sonoras.
A primeira parte estará a cargo dos também Californianos Six Organs Of Admittance. Formados em 1998, sob a orientação do guitarrista Ben Chasny (Plague Lounge), deverão fazer a apresentação do seu mais recente trabalho, “School Of The Flower”. A crítica classifica-o como uma torrente de faixas enigmáticas e atmosféricas, onde a guitarra de Chesny assume o protagonismo. O resultado é um trabalho cheio de sons envolventes e íntimos, capazes de hipnotizar uma mente mais distraída.
Ben Chasny veio apagar um pouco das origens budistas dos Six Organs of Admittance com paganismo, projecções astrais, sonhos proféticos e surrealismo q.b., trabalhando igualmente com sonoridades folk e acústicas e dar outra dimensão ao trabalho da banda. Trouxe igualmente a oportunidade de gravar este último registo em estúdio, o único a contar com esse privilégio até agora.
Dois bons concertos a ter em conta dia 21 de Abril, no Lux.
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