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Kaiser Chiefs @ Coliseu de Lisboa

O Coliseu dos Recreios encheu para acolher a estreia em nome próprio dos Kaiser Chiefs em Lisboa, na prova definitiva de que o palco é, de facto, o habitat natural destes músicos de Leeds.

Bastava circular por alguns minutos na zona envolvente do Coliseu para se notar que o público dos Kaiser Chiefs não é, de todo, o mesmo público de outros projectos britânicos de sucesso maior em tempos recentes, casos de Oasis, Radiohead ou Coldplay, a jeito de exemplo.

Os fãs dos Kaiser Chiefs são, regra geral, jovens sub-20 que se identificam com os autores de “Off With Their Heads” na energia das canções, na simplicidade das letras (“What did you do today? I did nothing…”) e, especialmente, na intensidade dos espectáculos ao vivo. Não por acaso, era fácil notar que muitos dos presentes na noite de domingo passado vieram à boleia do concerto dos Kaiser Chiefs na edição do ano passado do Rock in Rio, onde suplantaram, na mesma noite, concertos de Offspring ou Muse.

Bons em disco, é no entanto ao vivo que a real força dos Kaiser Chiefs se sente. Homens de canções simples, refrões fáceis (sem soar facilitistas) e viciantes (sem parecer irritantes), não é difícil reconhecer nos espectáculos ao vivo o trunfo maior do grupo de Ricky Wilson, vocalista carismático q.b. na sua admirável normalidade de quase operário britânico.

“Off With Their Heads” foi o mote central, mas não faltaram todos os temas que os fãs queriam ouvir: «Modern Way», «Ruby», «Never Miss a Beat» ou «Oh My God», em versão longa para deleite final de concerto. Os saltos de Ricky Wilson continuam, mas desta vez não houve percalços como no célebre espectáculo de Paredes de Coura. O resto da banda, mais discreta, reconhece no seu líder o destaque maior do grupo, e dá-lhe a margem de manobra total para enfeitiçar o povo. Tarefa bem conseguida.

A primeira parte esteve a cargo dos bizarros (eufemismo) Dananananaykroyd (que nome…), colectivo com dois vocalistas que iam alternando à vez uma segunda bateria (soa estranho, mas visualmente resulta bem). São escoceses, mais virados para o punk que os senhores que se seguiriam, e animaram o público mais pela interacção constante do que pela música, demasiado estridente e confusa para uma percepção capaz. A rever noutro contexto.

E os putos? Os putos gostaram, queriam mais (vão ter provavelmente no Verão, palavra de Ricky Wilson) e, esperamos nós, partirão em seguida às origens dos Kaiser Chiefs, dos mais distantes The Jam ou The Kinks aos mais contemporâneos Blur, a jeito de exemplo. Os Kaiser Chiefs são daquelas bandas que não enganam: nunca farão uma obra-prima em disco, mas darão sempre concertos acima do bom. É providenciarem-lhes palcos que eles tratam do resto.



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