Khumba 3D
Zebra ou não Zebra, eis a questão.
A savana africana e animação. Uma combinação que comprovadamente funciona.
Desta vez viajamos pela mão do realizador Anthony Silverston, até um santuário selvagem protegido por uma enorme sebe, onde uma manada de zebras vive separada do resto dos animais, em torno de um lago que é a única fonte de água potável nas redondezas.
Metáfora perfeita para o isolamento a que tantos se remetem por razões de vaidade cultural, social, racial ou neste caso de espécie.
É neste misto de condomínio privado e gueto, que Khumba vem a nascer. Filho de Seko, um líder natural, admirado e respeitado pela manada, e de Luísa, uma criatura tão frágil quanto amorosa. A pequena Zebra nasce no entanto, algo diferente das outras: faltam-lhe listas suficientes para poder ser considerada pelos outros como uma verdadeira Zebra. O que naturalmente traz consternação aos pais e uma forte sensação de inadequação a Khumba.
Particularmente supersticiosas, as outras zebras da manada (à excepção da sua única amiga, Tombi), passam a considerar a falta de listas de Khumba como um mau presságio, o que vem aparentemente a confirmar-se quando a chuva deixa de chegar e o lago começa a secar.
Khumba decide então abandonar o refúgio das zebras e adentrar o terrível deserto do Karoo, terra de muitos perigos, mas também de amigos inesperados, como a maternal e aguerrida Gnu: Dona V. Ou da exuberante e supérflua avestruz de seu nome Rebordosa.
Estes improváveis heróis vão atravessar o território do poderoso Pango (um leopardo cego de um olho que após a rejeição da sua família, se tornou cruel e impiedoso), tentando alcançar a mítica lagoa de águas mágicas onde a lenda conta que as primeiras zebras adquiriram as suas listas.
Há muito que se percebeu que os modernos filmes de animação ultrapassam e muito, o universo infantil, sendo até em muitas situações mais dirigido a adultos do que a crianças, encontrando com facilidade neste Khumba, piadas de natureza política, (inclusive com referências à Troika) que naturalmente não farão rir os petizes tanto como farão os seus pais. Havendo no entanto muitas razões para os pequenos se divertirem.
No cômputo geral, este Khumba é – usando um chavão – um divertimento para toda a família onde a opção 3d ajuda a literalmente fazer a acção transbordar para fora do ecrã.
Aliás esse é um dos trunfos deste filme, na medida em que o 3d faz mesmo a diferença, para melhor, nesta animação.
Outro trunfo é a feliz dobragem, coisa que sempre levanta alguns receios, mas que neste filme é mesmo uma mais-valia.
Cesar Mourão, Inês Castel-Branco, Bruno Ferreira e Maria Vieira, só para destacar alguns, assumem mesmo o seu alter-ego animal e oferecem interpretações muito divertidas e ritmadas, não nos deixando lamentar o facto de não estarmos a ouvir as maviosas vozes de actores como: Jake T. Austin, Liam Neeson, Steve Buscemi ou Laurence Fishburne.
Após terem acabado os créditos e termos ouvido as últimas notas do genérico final, é bem possível nos invadirem pensamentos e questões relacionados com a paranóia da “normose” que tudo tenta nivelar bela mesma bitola.
As questões da individualidade, da beleza e das suas contradições, da pequenez dos julgamentos pessoais e tantas outras coisas suscitadas pelo visionamento de um simples filme de animação, que ao fim de contas, vamos assistir na esperança de nos divertirmos.
Não será isto também educação?
Porque afinal para se ser Zebra não basta, lhe vestir a pele.
Sai com um Satisfaz Bem!
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