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Kino 2011

Oito anos de Cinema Alemão.

A Mostra de Cinema de Expressão Alemã realizou-se entre 27 de Janeiro e 4 de Fevereiro com programação centrada no Cinema São Jorge apresentou produções da Alemanha, Áustria, Luxemburgo e Suíça.

O filme de abertura festival e em ante – estreia nacional “Drei” (Três) realizado por Tom Tykwer conta-nos a história de um casal urbano, Hanna (Sophie Rois) e Simon (Sebastian Schipper), que, depois de inicialmente estar condenado à rotina verá a sua vida tumultuada com o aparecimento de Adam (Devid Striesow), um homem fascinante, misterioso e charmoso. Todo o filme caracteriza-se pela associação de momentos em tom de comédia apesar de abordarem temas sérios como infertilidade, cancro, eutanásia, todos associados à relação do casal que começa com uma monotonia latente que se vai dissipando com o desenrolar dos acontecimentos que irão revolucionar a vida de ambos a partir do momento que um homem entra nas suas vidas. Observamos uma interessante variação de planos que se cruzam interpoladamente em pequenos mosaicos. As imagens a preto e branco funcionam como uma espécie de paródia ao desenvolvimento da trama.

“Vincent Will Meer” (Vincent e o Mar) de Ralf Hüttner mostra-nos um jovem, Vincent (Florian David Fitz) que sofre do sindroma de Tourette. Após a morte da mãe, o pai mais preocupado com a carreira do que com a família interna-o numa espécie de centro de reabilitação, onde Vincent conhece Marie (Karoline Herfurth), uma anoréxica e Alex (Johannes Allemayer), um obsessivo compulsivo. Juntos partem numa road trip em busca do mar para que Vincent cumpra o desejo da sua mãe e lá depositar as suas cinzas. Durante esta viagem o trio vai viver peripécias e sentir verdadeiramente a liberdade. Apesar de todos sofrerem frustrações por não serem considerados segundo o conceito dito “normal” as suas doenças são retratadas de uma forma realista mas não dramática. Os momentos de comédia sucedem-se em conjunto com cenas mais dramáticas. Depois passa-se para o romance e aí as personagens crescem. Naquela semana em que estão sozinhos sem supervisão descobrem-se enquanto seres humanos individuais e confrontam-se com as suas escolhas. O percurso vai da Alemanha até ao Adriático passando pelos Alpes mas a maior viagem que fazem é ao seu interior às semelhanças e diferença deste grupo de outsiders que no final anseiam por se misturar com o resto do mundo.

“Shahada”, longa-metragem vencedora do prémio da “Gilde Deutscher Filmkunsttheather”, no 60º Festival Internacional de Cinema de Berlim realizada por Burhan Qurbani encerrou o festival. Este filme narra a história de três muçulmanos em Berlim, cujos valores são abalados, Maryam, uma jovem educada apenas pelo seu pai Vedat, Samir que com o despertar da sua homossexualidade e do sentimento crescente que sente pelo seu amigo Daniel, vai entrar em conflito com a sua fé e Ismail, um polícia que depara-se com Leyla, mulher que há três anos durante uma rusga tinha atingido gravemente com um tiro de uma pistola. Os protagonistas desta história têm em comum, a luta interior consigo próprios e os seus dramas que algumas vezes são condicionados pela sua fé, tradição e os colocam entre estes e a vida moderna.

O realizador transmite-nos uma visão realista, humana e apurada sem cair em clichés do que é ser emigrante, neste caso em Berlim e procurar um equilíbrio entre as suas raízes e o novo país que chama de casa.



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