Lhasa

A cantora de origem mexicana que tem o Canadá como porto de abrigo vem a Portugal apresentar o seu mais recente álbum, “The Living Road”.

A música dita “latina” está muitas vezes relacionada (senão sempre) a ritmos dançantes, alegres e extremamente comerciais. Tem sido assim ao longo destes últimos anos. A MTV trouxe a mediatização de artistas que representam muito pouco as raízes latinas dos países da América do Sul, deixando a música tradicional para artistas pouco divulgados e ao acesso de uma pequena minoria.

De um momento para o outro a música do mundo tornou-se “moda” um pouco por toda a parte, muito devido à necessidade de muitas pessoas em alargar as experiências musicais, ficando a conhecer novas sonoridades e culturas. Em Portugal a proliferação de festivais de “world music” (ver esta edição da Rua de baixo) é bastante visivel, sendo um foco de grande proximidade entre as pessoas, a música e as diferentes culturas.

Para além dos festivais, têm aumentado os concertos de diversos artistas que têm como principal influência as raízes tradicionais da música do seu país de origem. Lhasa de Sela é americana, vive no Canadá, mas nasceu no México e leva a todo o mundo as suas sonoridades mais escuras e sombrias em poemas melancólicos, recuperando a tradição Mexicana, conseguindo dar uma nova roupagem ao conceito de música latina.

Filha de um escritor mexicano e de uma fotógrafa e antiga actriz americana, Lhasa passou grande parte da sua adolescência a viajar numa carrinha com os seus pais e com duas irmãs, por toda a costa Norte-Americana e fronteira com o México, tendo posteriormente lá residido. Aos 25 anos muda-se para o Canadá, onde conheceu o guitarrista Yves Desrosiers, com o qual escreveu os temas que iriam compor o seu primeiro registo de originais, “La Llorona”.

A voz característica e extremamente bela de Lhasa, percorre onze temas cheios de intensidade dramática, vislumbrando um México distante e etéreo construído por sentimentos de amor, desespero e melancolia profunda. Numa primeira audição, vislumbramos algumas semlhanças com o fado e com os sentimentos tão nacionais como a saudade e a tristeza sempre presente nas composições mais clássicas. “La Llorona” é uma obra renascentista da música latina e foi bastante aclamada pela crítica, com Lhasa a tornar-se numa das revelações de 1998.

Seis anos depois, a cantautora latino-americana regressa aos registos discográficos através de “The Living Road” numa possivel alusão à sua adolescência de constante viagem e ao mesmo tempo de afastamento das sonoridades do primeiro registo, optando por diversificar o som e instrumentos utilizados. Se no primeiro álbum, Lhasa contou com a co-autoria de Yves Desrosiers, neste segundo registo as participações estenderam-se a Vincent Segal, Didier Dumoutier e Jérôme Lapierre, criando assim um álbum de fusão entre uma quantidade imensa de melodias.

A própria voz de Lhasa mostra uma grande capacidade de adaptação a estas novas sonoridades, mostrando uma enorme maturidade. Para além do Espanhol, surgem neste álbum temas cantados em Inglês e Francês tornando assim a sua música verdadeiramente universal.

Durante o mês de Julho, Lhasa coloca a sua “Living Road” nas estradas de Portugal e podemos assistir o seu espectáculo em quatro diferentes datas:

07 de Julho: Fórum Lisboa, Lisboa
08 de Julho: Teatro Académico Gil Vicente, Coimbra
09 de Julho: Teatro Aveirense, Aveiro
10 de Julho: Jardins do Palácio de Cristal, Porto

Não existe desculpa para não ficar a conhecer uma das mais fantásticas vozes da música da actualidade.



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