Lisb-ON 2019
Róisín Murphy foi a Rainha em festival de musica eletrónica.
A edição do Lisb_ON de 2019, que se passou nos dias de 6, 7 e 8 de setembro, no Parque Eduardo VII em Lisboa, foi uma edição para recordar. Recordar e aprender com alguns erros para um futuro amadurecimento, na opinião da RDB.
Foi a sexta edição do festival urbano. Evento único e pioneiro na nossa capital. Em local privilegiado no coração da cidade. Com um grau de responsabilidade acrescido por ser uma referência dentro do panorama da musica eletrónica que é passada em Portugal.
Talvez tenham sido traídos com a proximidade do festival Nova Batida, que se realiza apenas uma semana depois (e com um cartaz bastante atrativo) no que toca à afluência do publico. Eventualmente a sequencia dos nomes não terá sido a mais correta. Algumas pessoas de férias? Provavelmente é apenas a nossa exigência para com o Jardim Sonoro ser cada vez mais elevada…
Três dias completamente distintos. Com menos crowd do que nos habituou. Na abertura, sexta feira, magos da segunda vaga do techno de Detroit. Moodymann foi o primeiro, não sabe tocar mal, mandou um valente “prego”, mas depois da viagem que proporcionou, como não perdoar? Acabou o set a beber um shot de vodka com os “duros” da linha da frente. Os manos Burden, que formam os Octave One, entraram de seguida e também estiveram à altura. Final da vaga de Detroit designado a Carl Craig. Há poucos adjetivos para este senhor. Deambulou entre as suas faixas mais antigas e eternas, ainda meteu «Blue Monday» dos New Order e piscou o olho a Kraftwerk. Artista, deveras, intemporal. A nossa grande critica, para com a edição deste ano, vem justamente após Craig. Marcel Dettmann, figura de proa da noite de Berlim, habituée na noite alfacinha (LuxFrágil), não nos parece fazer sentido depois de uma tarde virada para Detroit. Não correu bem! Admitimos não ser fácil para Dettmann tocar o seu techno num open space, muito menos depois da orientação que a noite levava até a então. Dia marcado por pouco público. Sábado, o Lisb-ON estava bastante mais composto. A razão era obvia: Dixon b2b Solomum em 4h de set. Não foi algo para recordar, tinha tudo para correr bem, as expectativas eram enormes, mas, os artistas não estavam inspirados. Ficou a sensação que o boss da Diynamic, não conseguiu acompanhar o patrão da Innervisions. Nota positiva para o house de NYC de Masters at Work. “Little” Louie Vega e o puto Kenny “Dope” Gonzales. Foram “masters” outra vez, viajaram pela a sua obra quase com três décadas.
O melhor ficou para o fim! No domingo, ainda o sol iluminava o Parque Eduardo VII, Róisín Murphy, diva Irlandesa, ex-vocalista dos Moloko (desculpem voltarmos a mencionar aquilo que todos sabem) apareceu. Foi especial e claramente sexy, foi alegre e contagiante, foi a altura onde percebemos que valeu a pena termos voltado à relva do Lisb-ON. Tocou as suas melhores, «Overpowered», «You Know me Better» e «Incapable». Relembrou Moloko em «Sing it Back», «The Time is Now» e até «Forever More». Foi mudando de visual em cada faixa, os efeitos visuais de fundo acompanharam a excelência do concerto. Tudo o resto de domingo perde o sentido de mencionar quando tivemos Róisín.
À margem das criticas menos positivas, este Lisb-ON foi sem filas, sem enchentes maçadoras, sem dinheiro vivo (era a pulseira era carregada na entrada ou por MbWay). O recinto estava muito bem desenhado, tinha área para babysitting e entrada gratuita para crianças até 14 anos. Foi e, fazemos figas para que continue a ser, por muitos anos, o festival de referência de musica eletrónica de Lisboa.
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