“Livro das Horas” | Nélida Piñon
A nossa memória é feita de géneros literários
Nascida em 1937, Nélida Piñon é considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras vivas. Formada em Jornalismo, foi editora e membro do conselho editorial de várias revistas do Brasil e, também, do estrangeiro. Estreou-se em 1961 com o romance “Guia-mapa de Gabriel Arcanjo” e, desde então, viu a sua obra ser traduzida em inúmeros Países, recebendo diversos prémios ao longo de uma carreira literária que ultrapassou já a marca dos 35 anos. Uma das mais recentes distinções foi o Prémio Príncipe das Astúrias das Letras, em 2005, onde esteve nomeada ao lado de nomes como Paul Auster ou Philip Roth.
“Livro das Horas”, editado este ano – com edição portuguesa pela Temas e Debates/Círculo de Leitores -, é um livro de memórias construído com a forma de um labirinto onde, no lugar de detalhes mais privados sobre a sua vida, se encontra uma observação acurada do quotidiano, reflexões sobre Literatura e referências a vários autores carregadas de afectividade.
Nesta sua revisitação da memória, Nélida Piñon constrói uma prosa elaborada onde cabem diversos géneros literários: a poesia, o ensaio, a autobiografia e uma prosa ficcional. A forma como traz para a luz factos da sua infância ou de pessoas da sua família é bastante reservada, preferindo fazer da experiência e vivências pessoais um observatório secreto do mundo, como a ditadura militar que se instalou a certa altura no País ou as viagens que realizou pelo mundo.
Quanto aos tempos actuais, Nélida Piñon prefere manter-se longe do presente: «Pretendo ser arcaica, não fazer parte dos tempos actuais.» Daí que este livro se beba como um cocktail etílico de nostalgia e saudosismo.
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