Lou Rhodes
Entrevista exclusiva com a ex-vocalista dos Lamb.
Lou Rhodes, outrora vocalista dos Lamb, não necessita de muitas apresentações. Toda a gente sabe o culto que os Lamb tiveram em Portugal, com concertos memoráveis (Aula Magna ou Paredes de Coura, por exemplo), muitos discos vendidos e muito airplay radiofónico (olá “Gabriel”).
Depois do término dos Lamb, eis “Beloved One”, primeiro disco a solo da cantora, pautado por paisagens folk – um pouco o espelho da sua nova vida, a descobrir melhor nas linhas abaixo.
Em entrevista à Rua de Baixo, Lou Rhodes não hesita em abordar o fim dos Lamb, Portugal no seu percurso musical e…a vida no campo.
Como é que surgiu a música na tua vida?
Nem sei ao certo. Parece-me um bocado difícil de definir quando é que a música entra na vida de cada um de nós, percebes-me? A minha mãe era cantora e desde muito cedo vivi rodeada por música, como é natural. Isso foi algo que me marcou, sem dúvida, e foi daí que surgiu parte do meu interesse pela música.
E quando é que decidiste que querias ser uma cantora como a tua mãe?
Nunca tive exactamente a ideia de “ser como” a minha mãe. Estive em bandas desde muito, muito cedo. Sempre vivi rodeada de músicos e fazer parte de uma banda era algo mais ou menos natural para mim. Fui andando por diversas pequenas bandas até que conheci o Andy (Barlow) e surgiram os Lamb.
Foi complicado para ti, após o término dos Lamb, chegar à conclusão que terias de continuar a fazer música?
Foi algo naturalíssimo, foi um processo natural. Escrever canções é algo que faz parte de mim e por isso este projecto a solo surgiu fundamentalmente de uma necessidade pessoal mas, ao mesmo tempo, de uma enorme naturalidade. Isto faz parte de mim.
E como é para ti viver no campo, com os teus filhos, e afastada das grandes cidades?
É óptimo. A sonoridade do meu disco a solo está muito ligada a este meu novo estilo de vida, mais resguardado, mais tranquilo. Nos Lamb era eu e o Andy que controlávamos tudo, mas agora é fantástico sentir que parte tudo de mim nesta fase da minha carreira. Anteriormente havia alguns conflitos quando chegávamos à altura de finalizar algo, e sinceramente cheguei a uma altura em que não queria mais esse estilo de escrita conflituoso. Estou muito excitada com a minha vida actualmente, garanto-te.
E como é o teu processo de escrita de canções a solo?
É naturalíssimo. Nunca forço as canções a vir ao de cima – é algo que tem de surgir naturalmente e de forma espontânea.
Estás a renascer…
Isso mesmo, é quase como começar de novo. Não me parece que lá porque os Lamb era muito populares em Portugal isso implique, necessariamente, que eu a solo também o venha a ser. É algo de totalmente diferente, onde alguns dos fãs de Lamb se continuarão a rever, outros nem tanto, e, espero eu, alcançarei novos adeptos. Portugal é um país muito dedicado, quando gosta de algo ou alguém gosta mesmo a sério. Tocar em Portugal é sempre muito, muito especial, particularmente na Aula Magna que foi onde os Lamb tiveram o seu primeiro concerto memorável aqui.
Curiosamente, apesar da tua vida mais resguardada, abriste recentemente uma página no portal MySpace…
Sim. É algo de muito recente em mim. Apenas entrei neste mundo porque o meu melhor amigo tinha uma página e convenceu-me a entrar neste mundo (risos). O engraçado é que anteriormente tinha tempo para ver as páginas de todas as pessoas que me adicionavam, ouvia as músicas de diferentes bandas e isso tudo. Descobri grandes grupos no MySpace, isso é certo. Mas agora, ainda para mais em digressão, só tenho mesmo tempo para aceitar os convites que me fazem, infelizmente (risos). Acaba por ser um bocado frustrante, porque esse conhecimento mútuo é das melhores coisas do MySpace.
Existe alguém no mundo da música actual com que te identifiques?
Curioso perguntares isso. Sinto que existe uma grande proximidade entre mim e o Devendra Banhart. A pureza das canções e tudo o mais…sinto que há alguns traços em comum entre nós os dois, percebes?
Já tiveste oportunidade de o conhecer pessoalmente?
Infelizmente ainda não. Mas mal posso esperar (risos).
E quais são os planos para o teu futuro mais próximo?
Olha, vai ser o que tem sido ultimamente: digressão, um período em casa, mais concertos, outro período em casa. É algo complicado ser mãe de família e andar a dar concertos um pouco por todo o lado, mas tem de ser mesmo assim. É isto que eu sou. Mas custa um bocado ver os teus filhos a chorar e a perguntar quando é que voltas (risos).
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