LUX – DJ PIERRE – 13 SETEMBRO
«O ano é 1985. A cidade é Chicago. Sob o apropriado nome de “Phuture”, três jovens experimentam com sintetizadores e caixas de ritmos. Um deles é Nathaniel Pierre Jones – ou DJ Pierre – que em conjunto com os amigos Spanky e Herbert J, vai ficar para a história como o criador do som que definiu o “acid house”. O futuro. Quando manipularam a Roland TB-303 pela primeira vez, não faziam ideia como a usar. A máquina japonesa deveria emular o som de uma guitarra baixo mas, pelo contrário, debitava um timbre que ficou conhecido como “ácido”, que até hoje perdura como um dos mais icónicos e reconhecíveis sons da música electrónica de dança. Desta experiência saiu “Acid Tracks”, e diz a lenda que Ron Hardy, figura máxima do seminal club “Muzic Box”, a tocou quatro vezes na mesma e primeira noite.
A sonoridade crua mas ao mesmo tempo hipnótica, intensamente psicadélica e radicalmente diferente de tudo o feito na época popularizou-se como a veia ácida do House e deu o salto para o Reino Unido, onde em 1988 acontece o que ficou conhecido por segundo Summer of Love e a massificação das raves. O mundo nunca mais seria o mesmo. E à medida que a inocência original vai dando lugar a um verdadeiro movimento mundial, também Pierre avança e se confirma como uma figura chave. Muito longe de ter apenas um hit, editou numa espécie de “best of” das grandes editoras de House: Trax, Strictly Rhythm, Tribal, Nervous, Emotive, Nite Grooves, Azuli, e a lista continua. Com um cunho muito pessoal, especialmente nas suas “Wild Pitch mixes”, Pierre sabe usar as suas raízes e experiência a favor de todos. Tanto como produtor como DJ, ele sabe exactamente os parâmetros com que jogar para nos levar precisamente onde quer. E continua em 2013 sem medo do espírito rave que ajudou a criar (e que por vezes se parece ter diluído no tempo), sem medo de insistir até provocar o inevitável abandono dos corpos, sem medo de fazer sorrir e arrepiar. Sem medo no fundo de nos fazer alcançar o prazer simples de nos permitirmos a umas horas onde nada mais interessa senão a música e a pista de dança, tal como era em 1988 e como pode continuar a ser agora. É só deixarmos. Como ele próprio diz: muzik set you free». – (Inês Duarte)
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