“Mariana Pineda”
A peça Mariana Pineda, encenada por Maria do Céu Guerra, com texto de Frederico Garcia Lorca estará em cena até dia 3 de Dezembro, na sala 1 do TeatroCinearte.
No ano em que se comemoram os 150 anos da abolição da Pena de Morte em Portugal, a Companhia de Teatro A Barraca, foi convidada pela CML, para participar no Programa das Comemorações. Ao levar a palco este espectáculo, A Barraca “está a focar duplamente o tema da Pena de Morte uma vez que a sua heroína foi condenada ao garrote por Fernando VII e o seu autor foi assassinado pela tropa franquista no início da Guerra Civil de Espanha”.
Amor ou Liberdade?
“O que é um homem sem liberdade?”
“Quando se ama está-se fora do tempo.”
“Amo o mundo…até o mal…”
“Eu sei lá o que é o amor…”
“Agora a minha esperança morreu!”
“- O que foi que fez?
– Bordou uma bandeira!”
“Lei? Mas que lei?”
“Eu sou a própria liberdade.”
Talvez não haja opção de escolha entre o amor e a liberdade. São dois elementos de vida tão essenciais e dissociáveis como os amores mais importantes – sem escolha possível!
É quase incompreensível como é que a humanidade tem conseguido viver ao longo de séculos – e continua a viver – só com um ou só com o outro ou até, sem nenhum dos dois.
Será apenas uma minoria que tem a dádiva de poder viver com ambos – amor e liberdade?!
É quase asfixiante ver a forma como nós – “seres racionais” – ainda nos comportamos. Era expectável que a esta altura já não houvessem diferenças de género mas, esse caminho ainda é sinuoso. Ser racional talvez seja apenas uma ironia. Com que direito e ao abrigo de que razão válida tiramos a liberdade, o amor ou a vida ao outro por motivos na sua maioria quase ridículos?!
Será que a humanidade alguma vez vai atingir a maturidade evolutiva na sua total capacidade ou vai apenas ser sempre um “bando de primatas” cheio de utensílios e tecnologias?
É-me difícil descrever tudo o que trago comigo a cada espectáculo. Por isso gosto de ‘escrever no escuro’ no preciso momento em que sinto tudo o que vejo. As primeiras frases com aspas, são ‘desenhos textuais exactos’ da peça. O restante são ‘desenhos de emoções’ acumuladas desde o princípio até ao fim daquele tempo em que me deixei abandonar no meio do texto, da interpretação, da essência de toda a história, da música e dos cantos maravilhosos que nos embalam e nos levam a viajar de uma outra forma, por outros lugares da alma, onde talvez, possamos entender melhor o Homem – de onde vem, quem é, e para onde vai…!
Há energias e sinergias que acontecem de forma tão espontânea que naturalmente se fundem tal como as cores de um arco-íris – assim são as ‘cores da história’ que ligam A Barraca a Frederico Garcia Lorca, a Maria do Céu Guerra e a Mariana Pineda.
É quase obrigatório que leiam todo o folheto informativo – que grande lição de História… e de vida!
Não há dúvida de que a Arte é uma das grandes ‘armas de luta’ para se conseguir alcançar esses dois estados de alma – o amor e a liberdade.
Ficha Técnica e Artística
Texto: Federico García Lorca
Encenação: Maria do Céu Guerra
Elenco: Rita Lello, João Maria Pinto, Mariana Abrunheiro, Adriana Queiroz, Paula Guedes, Ruben Garcia, Sérgio Moras, Adérito Lopes, Sónia Barradas, Samuel Moura, Cláudio Castro, Henrique Abrantes, Carolina Medeiros
Assistente Encenação: Rita Soares
Tradução: Miguel Martins
Cenografia: Miguel Figueiredo
Figurinos: Maria do Céu Guerra
Costureira: Alda Cabrita
Música e arranjos: Jozé Pato
Técnico Luz: Paulo Vargues e Fernando Belo
Técnico som: Ricardo Santos
Vídeo: Paulo Vargues
Design Gráfico e Cartaz: Arnaldo Costeira
Imagem de Cartaz: Mimi Tavares
Fotografia: Ricardo Rodrigues
Relações Públicas e Produção: Inês Costa, Paula Coelho, Rita Soares
Mestre Carpinteiro: Mario Dias
Desde 1975 que a peça Mariana Pineda de Garcia Lorca não é levada a cena em Portugal. Estará agora em palco até dia 3 de Dezembro, de Quinta-Feira a Sábado às 21.30h e Domingo às 17.00h.
Quando cheguei ao Teatro e devido à enorme admiração que tenho pela Maria do Céu Guerra, apresentei-me dizendo: “antes de mais… Obrigada por tudo o que me dá…!”
No final, dei-lhe os Parabéns, agradeci de novo e, sem fazer nada por isso, também consegui dizer um sincero “Obrigado” à Rita Lello, por me ter feito o coração saltar do peito em muitos momentos. Retribuiu-me com um sorriso e algumas palavras… no entanto, pareceu-me que ainda trazia nos olhos o brilho das lágrimas de uma menina, mulher e guerreira a quem os mais íntimos, em tempos, chamaram de Marianita.
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