Mário Cesariny

Dezembro parece ser o mês dedicado ao poeta e pintor português. Saibam porquê.

Dada a quantidade e diversidade de eventos que se realizam durante as próximas semanas em torno do homem e da obra de Mário Cesariny, Dezembro de 2004 bem poderia ficar registado como o mês dedicado ao incontornável poeta e pintor português.

Figura ímpar e autor inquieto, Mário Cesariny, actualmente com 81 anos de idade, é um homem reconhecido pelo fascinante, mas não menos atribulado, percurso pessoal e artístico. Dividindo-se entre a poesia e as artes plásticas, desde cedo se foi distinguindo pela sagacidade da abordagem e da estética defendida nos seus trabalhos. A sede de revolta aliada ao inconformismo face a um regime político instituído, o movimento surrealista e a sexualidade foram os seus cúmplices mais recorrentes.

Durante o mês de Dezembro várias são as propostas que recuperam e recordam o homem e a obra de Mário Cesariny. O documentário “Autografia”, de Miguel Gonçalves Mendes, que houvera estreado e sido distinguido com o prémio de melhor documentário português no último Doclisboa (Festival de Cinema Documental de Lisboa que decorreu de 24 a 31 de Outubro na Culturgest), regressa às salas de cinema nacionais, mais especificamente ao cinema King em Lisboa. Recorde-se que o filme documental de Miguel Gonçalves Mendes, nas palavras do próprio, “pretende retratar, não o poeta e pintor Mário Cesariny, mas sim a sua vida, o seu percurso e a sua individualidade”.

Também no cinema King, e no seguimento da exibição do filme “Autografia”, Mário Cesariny foi convidado a eleger sete longas-metragens de entre os filmes estreados pela Atalanta Filmes nos últimos 15 anos. Assim, de 2 a 8 de Dezembro no cinema King realizar-se-á o ciclo As escolhas de Mário Cesariny, cuja programação inclui sete obras que fazem parte das preferências do famigerado autor português ou “que ainda não viu mas que quer ver”. Cada um dos filmes terá duas exibições diárias (14h30 e às 17h00), e logo no primeiro dia poderão assistir a “Wittgenstein” de Derek Jarman, seguindo-se “A Bela de Dia” de Luis Buñuel, “El Rey Pasmado” de Imanol Uribe, “As Mil e uma Noites” de Pier Paolo Pasolini, “Felizes Juntos” de Wong Kar-Wai, “O Mar” de Agustí Villaronga e no dia 8 de Dezembro em jeito de encerramento será projectado o filme “Os Juncos Silvestres” de André Téchiné.

Paralelamente às iniciativas em torno da sétima arte, no início deste mês no Pavilhão Preto do Museu da Cidade, em Lisboa, e na sequência da atribuição do Grande prémio EDP em 2002 a Mário Cesariny, foi inaugurada uma exposição dedicado ao seu espólio artístico. A retrospectiva manter-se-á na capital até 13 de Fevereiro e em Março regressará à Fundação Cupertino Miranda, em Famalicão, coincidindo também com a exposição de fotografias que está a ser preparada, registadas por Duarte Belo em casa de Mário Cesariny. A exposição, que conta com 252 obras, incluindo inéditos, é considerada a maior mostra já alguma vez realizada em torno deste artista nacional. Além das inúmeras pinturas evocativas da corrente surrealista da qual foi pioneiro em Portugal, podem ainda ser apreciados “aquamodos”, “sismogravuras”, “soprofíguras” ou mesmo poemas-colagem.

Simultaneamente é lançado um catálogo com textos do crítico de arte João Pinharanda e Perfecto Cuadrado, e uma compilação de artigos sobre o poeta e pintor. E por último, está ainda programado para breve um colóquio na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, que terá como tema “Mário Cesariny nas Artes e nas Letras”.



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