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Mary Lattimore volta a alojar-se na ZDB.

“A pandemia impulsionou a procura de música relaxante, evocativa de outros lugares, de uma nostalgia adormecida com uma vontade tremenda de construir um desejo acerca de um tempo, um outro tempo. Esse outro tempo é um local imaginário, um onde idealizamos estar, com cores queimadas, memórias desfocadas e o conforto que já existe uma banda-sonora para ele: as peças de Mary Lattimore. Ao longo da última década e picos, a música da harpista norte-americana (residente em Los Angeles) tem feito o seu caminho, seja nos álbuns a solo ou em colaborações que fizeram sobressair o talento para levar o ouvinte a sítios que jamais imaginou estar. Regressar a ela é uma partida para a descoberta do novo-impossível que está tantas vezes distante do quotidiano, mas que estará à mão a 18 de Março na Galeria Zé dos Bois.

A música de Lattimore é construída na incerteza do que é real ou imaginário. Em muitos casos, na base de locais que Lattimore visitou, experienciou e dos quais obteve sensações que resolveu transferir para o instrumento de eleição. Como acontece no último registo, «Goodbye, Hotel Arkada». Compôs música a partir da experiência num hotel na Croácia, onde imaginou como teriam sido os anos de ouro – se alguma vez existiram, a tal nostalgia pelo que não vivemos – de um local tantas vezes habitado por estranhos em passagem. Lattimore resolveu tornar a transmissão dessa experiência colaborativa e trabalhou com Meg Baird, Ben Chasny, Roy Montgomery, Rachel Goswell e Samara Lubelski para tornar “Goodbye, Hotel Arkada” numa experiência multidimensional. A sua harpa mistura-se com vozes e outras cordas na tal procura de concretização de um lugar que nunca existiu, mas que passa a existir a partir do momento em que a harpista o imagina e o elabora em som, com todos os detalhes, perfeições e imperfeições. A Mary Lattimore visitou a ZDB algumas vezes nos últimos anos, por isso estamos à-vontade para dizer que é um prazer ir a esses sítios com ela, cada vez mais, à medida que acumula experiências, desejos e as motivações divergem. O onírico da sua música é cada vez mais real.” – por AS



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