Matarroa

Três anos celebrados no rio. Entrevista com Martinez.

A editora independente da Invicta está de parabéns. Três anos depois da sua génese, a Matarroa conseguiu encontrar o seu lugar no panorama musical português, transformando-se numa das referências do hip-hop/reggae nacional. Para celebrar o terceiro aniversário, está a preparar uma grande festa no Porto-Rio, dia 20 de Maio. Apareçam por lá e associem-se à nova música nacional. Temos convites para os mais rápidos.

De forma a descobrir um pouco mais sobre a Matarroa, colocámos algumas perguntas a Martinêz, o fundador do projecto. Fiquem com a entrevista e depois sigam os links. De certeza que vão ficar surpreendidos.

RDB: Qual o balanço destes primeiros três anos de existência?

Martinêz: Eu diria que é positivo. Como em tudo na vida, existiram contratempos, alguns causados por nós, outros dos quais fomos alheios. Acima de tudo é importante saber que estamos vivos, temos projectos e alcançamos alguma visibilidade jogando o jogo com as nossas regras. Neste momento estamos numa fase de criação de uma estrutura sólida para podermos dar mais um passo na expansão do projecto.

Qual o principal objectivo e quais as motivações que deram origem ao projecto?

Editar música do nosso agrado e dar oportunidade a gente que pensa a arte como nós o fazemos, ou seja, de forma independente.

Foi complicado arrancar com a Matarroa? Continuam a não ter qualquer tipo de apoios?

Sim, claro. Quando se tem algum tipo de iniciativa privada e sem grandes meios, é sempre complicado. Mas já dizia o meu velho que quem anda à chuva molha-se e nós somos o tipo de pessoas que prefere não usar guarda-chuva e espera conseguir mudar o estado do tempo …

O crescimento da Matarroa acompanhou a evolução do Hip-Hop nacional. Como é que assistiram a esta evolução?

O mais importante no hip-hop, no folclore ou no krautrock é que os artistas consigam criar o seu próprio circuito e estejam envolvidos não só na actividade mais visível (a música em si), como em toda uma série de estruturas que são necessárias criar à sua volta (sejam revistas, lojas, televisões, rádios, management, etc). Assim sendo, quando acaba uma moda e chega a próxima recessão, o tombo será mais pequeno e partimos para um novo ciclo a partir de um patamar mais elevado.

Existe o perigo da comercialização massiva do Hip-Hop? Como vêem fenómenos como o Boss AC?

No dia que a comercialização for um perigo, avisem-me para eu emigrar… Não vejo, não oiço nem quero saber de nada disso. Música é música e cada um ouve, compra e faz a que quiser. É assim que vejo as coisas e fico muito contente se algum artista que começou do nada chega a um ponto de visibilidade extrema.

Qual a vossa opinião sobre a polémica dos downloads ilegais e as multas que têm sido anunciadas a quem partilha música na Internet? Será devido a isso que a venda de discos tem decrescido?

É inegável que é essa a maior causa para a diminuição das vendas. Mas não é menos inegável que existem muitas outras também sobejamente conhecidas. Encarámos os downloads em massa como algo natural nos tempos correntes e tentamos, dentro do possível, utilizar os mesmos como ferramenta de promoção do nosso trabalho. Há aí merdas bem mais perigosas mas (a julgar pelas estatísticas do nosso site) se 50% do pessoal que saca os nossos discos completos, os fosse comprar, então já tínhamos deixado os nossos empregos actuais há algum tempo e tínhamos mais discos editados de certeza absoluta.

Como tem corrido o vosso trabalho a nível de vendas? Têm sentido uma maior abertura?

Eu diria que o volume tem sido porreiro. Não sinto maior abertura, acho que depende muito do artista, da edição em si e do próprio contexto envolvente. Acima de tudo, conseguimos criar uma certa imagem de marca junto de um conjunto de pessoas apreciável. Naturalmente, em termos relativos e também devido à questão colocada anteriormente, as vendas baixaram ligeiramente. Hoje em dia é muito complicado fazer um CDR em casa, copiá-lo e vender 1000 cópias em lojas de Street Wear como fiz em 2001 com a minha banda, os MatoZoo.

Quais os “novos trunfos” da Matarroa e novidades editoriais para o que resta de 2006?

Na Matarroa, prognósticos só no fim. Esperamos é dar uma mão cheia deles até ao final do ano.

Podem-nos desvendar um pouco dos moldes da festa no Porto-Rio?

É a típica festa Matarroêsa, muito alcoól e droga a potes hehehe …

Bom, agora sério. Vamos ter o primeiro concerto dos Factos Reais no Porto, onde as pessoas poderão perceber melhor porque é que eles são considerados uma das melhores bandas portuguesas de hip hop a actuar ao vivo. Vamos ter o primeiro concerto do Bezegol exclusivamente como vocalista, música nova vinda da voz dele, que já de si é única e promete afundar o barco. Finalmente teremos como convidado externo (temos sempre um, é tradição) o nosso amigo Regula, cujo disco “Tira-Teimas”, foi considerado álbum Hip Hop do ano pela HHNation. É também a estreia dele em concertos na cidade. Ainda falta a decisão final sobre os DJs mas em breve teremos o prazer de informar o povo.



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