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Máximo @ Lux Frágil (09.03.2023)

O piano está no centro da sala e à volta ha algumas cadeiras e bancos que vão sendo ocupados. O resto distribuir-se-á em pé e sentado no chão, em torno do piano, emprestado pelo Conservatório Nacional, como Máximo nos contaria um pouco mais à frente. Nestas últimas semanas foi-se criando um hype em torno de Máximo. Composição após composição a curiosidade continuou a crescer, e eis que finalmente chegou o dia de conhecer “Greatest Hits” de Máximo.

São 22h15 quando Máximo Francisco, do alto dos seus 19 anos e com algum nervoso miudinho à mistura surge. Cada canção será devidamente apresentada e em nenhuma faltará a referência à idade com que foi originalmente composta.

«Home», última faixa do disco, e a última a ser composta, já com 19 anos, tem honras de abertura. As influências clássicas e jazzísticas saltam desde logo ao ouvido. «Capita», composta com 12 anos é a que se segue. Estamos a experienciar um documento vivo da evolução de Máximo como compositor desde tenra idade e o que salta à vista é uma maturidade incrível. O piano parece ser já uma extensão de si, tal a naturalidade com que os dedos aconchegam as teclas, sempre na medida exacta. Sempre com pressão estritamente necessária.

«Big Bang», criada com 17 anos, é um hit, segundo um Máximo que bem-humorado e com a confiança a crescer com naturalidade, e na razão inversa do nervosismo. A composição é um exímio corrupio sobre as teclas, tal e qual um universo em expansão, neste caso o de Máximo. «Neblina» foi uma de seis composições criadas por Máximo para a exposição do artista plástico Paulo Lisboa, com 17 e é um crescendo que vai criando ansiedade, mas que, de repente, nos aconchega. «Lupita», é dedicada à irmã quando nasceu há 4 anos. Ficou em casa, mas está presente ao mesmo tempo. A família é imprescindível para Máximo. Escutamos uma doce melodia para nos embalar.

Em cada intervenção de Máximo entre composições, é evidente a inocência, a generosidade e a sua sinceridade, na forma como vai procurando partilhar estes momentos com as largas dezenas que enchem o espaço, junto a Santa Apolónia.

«Marta», foi composta recentemente, com 18 anos, e é uma dedicatória especial. O amor é um momento que queremos que perdure. «M.F.» são as suas iniciais e foi composta com 17 anos. Parece um monólogo interior que oscila entre a calma e a exaltação, e tem direito a um final improvisado. Em «Slow Song» escuta-se o silêncio, num espaço habituado a outros registos, o que apenas valoriza ainda mais o momento, e em «Reflexão», logo de seguida, parece que os dedos questionam, mas à medida que a composição avança, é como se encontrássemos a resposta ou pelo menos ficássemos mais perto disso. “Esta é a reflexão e foi a conclusão que tirei” – atira Máximo. Ficará ao critério de cada um. «Agosto 74» faz parte da banda sonora da curta metragem, “Agosto de 74” de Duarte Carvalho, de 2020, e «Supernova», sobre novos princípios.

Antes de «Mártires», composta com apenas 9 anos, há tempo para agradecer verdadeiramente a todos, mas mesmo todos que tornaram tudo aquilo possível. O que se acontece de seguida é um monumento de beleza sonora que custa a crer que foi criado com tão tenra idade! Magnífico.

Para o final estava guardada uma surpresa, até então ouvida apenas por uma ou duas pessoas para além de Máximo. «Mommy» dedicada à sua mãe, que estava ali, bem perto a viver tudo. Finalmente, e para “arrancar a noite”, ou não estivéssemos nós no Lux, houve direito a uma tirada jazz, a fazer lembrar a entrega de Keith Jarret no seu “The Köln Concert”, embora aqui o piano estivesse em perfeitas condições.

Uma noite brilhante, aquela que Máximo Francisco nos ofereceu e acreditem que muitas mais virão.



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