Megafaun e Alto! @ Musicbox | 24 de Fevereiro
Megafaun ao Alto!
Apontem já nos cadernos de anotações: o concerto dos Alto! vai ser, inevitavelmente, um dos momentos altos (passe a redundância) do Vodafone Mexefest, versão Porto. Rock n’ Roll de Barcelos – a nova Meca do Rock luso e que estará para hoje como Coimbra estava para os 90’s – e que tem as lições dadas pelos MC5, os Stooges e até os Clash na ponta da língua.
Movimentos epilépticos de um vocalista com pêlo na venta e que nos tenta fazer acompanhar a excitação que aquele som nos transmite. Não é fácil. Ao fim de algum tempo atira: “Vocês estão pouco dançarinos”. Pudera, esta malta está preparada para um concerto de folk algo bucólica. Não estávamos preparados para tanta descarga eléctrica, não estávamos preparados para este rock com ares de punk que chega a danificar cabos de amplificação – aconteceu, pediram um cabo ao público e aos próprios Megafaun até, por fim, chegarem à conclusão: “Que se foda! Bora lá”. Acabaram a homenagear aquele que deve ser um dos seus Ídolos, a par de todos os elementos dos MC5, vivos ou mortos: “For Michael Davis! For MC5! For Michael Davis! For MC5! Power to the people! Yeah!”
A história dos Megafaun foi, antes do concerto no Musicbox, sobejamente documentada. Em 2006, os DeYarmond Edison, banda que incluía Justin Vernon, ele Bon Iver, um dos mais importantes (tão odiado como amado) músicos dos nossos dias, chegavam ao fim. Vernon decidiu afogar as mágoas numa cabana e fabricar um dos discos mais celebrados dos últimos cinco anos e o resto da banda investiu nestes Megafaun, homens de uma folk tão delicada como exploratória. Quando subiram a palco surgiram sem megafone, mas com uma harmónica. Os Megafaun são mais desafiantes em disco. Ao vivo são mais atinados. Oferecem harmonias vocais, delicados dedilhados, canções que vão mais pelos caminhos trilhados pelos Fleet Foxes do que por um Devendra Banhart. O concerto decorreu sem tropeções, mas sem momentos que nos fizessem por um momento arregalar os olhos ou que nos captasse particular atenção. O melhor do espectáculo ficou mesmo reservado para encore, o primeiro de dois, quando se misturaram com o público, que estava completamente convertido, dada a entrega da banda em palco. O momento foi tão solene que o público exigiu um segundo regresso.
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