MEO Kalorama 2022 | Dia 1 (01.09.2022)
Num país com um mapa bastante ocupado por festivais, uns mais pequenos, outros mais sumptuosos, não se afigurava fácil recolher as atenções e interesse que o MEO Kalorama logrou desde os primeiros anúncios. Os artistas indicados inicialmente eram bastante sonantes, ao qual se juntou o facto do local ser familiar a muitos, dado o CV do Parque da Bela Vista.
O Palco Colina foi a nossa primeira paragem, para desfrutarmos ao vivo do riquíssimo trabalho assinado recentemente por Xinobi. Desta sessão ao vivo na Bela Vista há que sublinhar a estrondosa performance vocal de Meta_, uma das convidadas do disco «Balsame», e que nesta ocasião fez a vez dos restantes convidados de estúdio. Dada a hora e à localização do palco em questão, o sol reflectia nos músicos que, no entanto, já brilhavam por mérito próprio, emitindo a boa onda que as produções de Xinobi costumam conter.
James Blake é um encantador de plateias por natureza. E o público português sabe-o bem, dada as horas de concertos que ambas as partes têm partilhado ao longo da carreira do compositor britânico. Notou-se que, sob a luz do dia, a magia sónica de James Blake demora mais tempo a carburar. Algo que, aliás, era meio previsível, porque não é o habitat normal das suas produções, além de ser uma hora em que a multidão não está ainda tão dedicada, por assim dizer. Ainda assim, uma dezena de canções foram suficientes para que a química acabasse por funcionar, ainda que não de forma tão tocante como já assistimos anteriormente, envoltos na escuridão.
Voltámos ao Palco Colina para nova demonstração de música de dança criativa e viciante pela mão de Bomba Estéreo. Foi o habitual desfile colorido de temas electro-topicais, que fazem bater o pé e abanar a anca com facilidade, tendo o colectivo liderado por Li Saumet e Simón Mejía revisitado especialmente o seu disco de 2015, «Amanecer».
Após uma deslocação às traseiras do referido palco, onde se localizava uma das bem concorridas áreas de restauração, para degustar uma ou outra iguaria, colocámos os devidos óculos (facultados à entrada do MEO Kalorama) para o concerto 3D dos Kraftwerk. Sem sobressaltos, nem surpresas, além das animações que iam surpreendendo os presentes ao longo do trajecto (ainda que o impacto 3D variasse bastante consoante o ângulo de visão de cada espectador), os mestres alemães foram cumprindo a sua etapa com o rigor que se lhes reconhece, que nem máquinas humanas.
Depois do choque sonoro entre os dois maiores palcos ter encurtado bruscamente a prestação de 2ManyDJs com Tiga, os Chemical Brothers vieram dispostos a recompensar o público da electrónica com uma actuação monstruosa. Munidos igualmente das suas interessantes animações, em formato gigantesco, o dup mancuniano convidaram-nos gentilmente a entrarmos no seu contagiante universo (através de “Come With Us”), e entraram a matar com as esmagadoras “Block Rockin’ Beats”. Os Chemical Brothers rompem continuamente com o estigma de que a música electrónica é meramente carregar em botões após inserir um disco USB algures, e fazem-no com uma elevada perícia. São disso exemplos as diversas digressões sonoras durante as quais mesclam vários temas sem parar, numa condução entusiasmante e estudada ao detalhe, mas que logra surpreender ao mesmo tempo. Foi um dos concertos mais gabados por entre os festivaleiros, sinal de que saíram do Palco MEO claramente galvanizados.
Até ao fecho desta noite inaugural, Moderat e Marina Sena animaram os restantes palcos, aos quais acorreram as devidas hordas das suas diferentes correntes sónicas.
Reportagem do segundo e terceiro dia, respectivamente.
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