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MEO Kalorama | Dia 1 (31.08.2023)

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O arranque do MEO Kalorama surpreendeu pela vasta afluência desde as primeiras horas, ainda para mais sendo quinta-feira, embora ainda fosse Agosto e muito boa gente estivesse certamente de férias. Para tal também terá contribuído o horário desde segunda edição, que abarcava concertos a partir do início da tarde, que recompensavam o facto das jornadas terminarem mais cedo que a maioria dos festivais.

No reconfigurado palco secundário desfrutámos de uma exibição seguríssima e acertada de José González, que encarou a multidão sozinho, com a brilhante excepção de ter convocado Diogo Duque para o acompanhar ao trompete em «Broken Arrows». O compositor sueco interpretou na íntegra o seu disco “Veneer”, que actualmente celebra vinte anos.

Após uma passagem demasiado ruidosa de Amyl & The Sniffers pelo Palco MEO, regressámos à zona do Palco San Miguel para desfrutarmos as mágicas ambiências buriladas por M83. Foi evidente que uma boa parte da audiência ansiava por este momento, e pena foi que nave espacial orientada por Anthony Gonzalez não tivesse beneficiado de um horário nocturno, para tornar as viagens sónicas ainda mais profundas e fantasiosas. Ainda assim preencheu-nos muito favoravelmente o imaginário.

Ao palco principal do MEO Kalorama subiam os ainda mais ansiados Yeah Yeah Yeahs, que não perderam tempo a abrir com a amostra inaugural do mais recente álbum. Foi uma entusiasmante aula de indie rock e rock alternativo, sob a batuta da esplendorosa diva Karen O, valendo como uma apresentação bem concentrada para quem na multidão desconhecia ou era pouco familiar com este agrupamento nova-iorquino. Para além dos destaques retirados do referido “Fever To Tell”, os Yeah Yeah Yeahs balancearam a actuação no Parque da Bela Vista, repartindo o seu tempo de antena pelos distintos registos de estúdio que detêm.

Por altura do lusco-fusco, os Metronomy apoderaram-se do Palco San Miguel para coleccionar mais um episódio nesta bonita amizade que têm alimentado com o público português ao longo dos anos. Têm o condão de nunca enjoar, não obstante as contínuas presenças no nosso país, o que diz bastante da qualidade da sua obra e também da criatividade com que a vão reinventando.

Quem já tinha actuado em Portugal poucos meses antes, mas eram os principais responsáveis pela enchente do primeiro dia de MEO Kalorama, eram os refrescantes veteranos Blur. Apesar de terem um saboroso disco na manga, Damon Albarn, Graham Coxon e restantes mates dispararam em todas as direcções, revisitando as distintas fases da sua carreira. Visivelmente entusiasmados em palco – alguns até dirão que estavam ligeiramente entusiasmados demais – ofereceram um concerto intenso e eléctrico, num verdadeiro registo rock n’ roll. Houve tempo para saltar, para gritar, para fazer coro mais concentradamente, para reflectir, e principalmente para agradecer a existência dos Blur, um daqueles casos em que uma banda caminha ao lado das diferentes fases das vidas dos seus fãs, mesmo aqueles menos ferrenhos.

A dupla The Blaze tem sido igualmente um dos nomes fortes nos últimos tempos em termos de presenças em Portugal. A sua electrónica, aparentemente simples, torna-se demasiado irresistível para ficar parado, juntando-se as suas preciosas melodias vocais, que quase nos derretem me plena pista de dança. Para além de uma componente visual sempre super arquitectada.

Para finalizar a jornada inaugural do MEO Kalorama, The Prodigy prometiam abusar dos esqueletos presentes, dando-lhes o toque final para um merecido repouso. Com os olhos claramente postos nos anos 90, dando ênfase a temas de “Music for the Jilted Generation” e “The Fat of the Land” (que de forma imprevisível atingiu o número um do top nacional de vendas aquando do seu lançamento), a máquina guiada por Liam Howlett fez-nos sacudir o pó ao livro de memórias, e dançar como se fossemos ainda adolescentes, esquecendo aquelas nuvens do quotidiano durante aquele período. Soou lindamente, uma discoteca à antiga, a céu aberto, numa noite de final de Verão, no coração de Lisboa, maquilhada de club britânico.

Leiam aqui a reportagem do segundo e terceiro dia de festival.



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