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Meta_ @ Musicbox (15.06.2023)

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Texto por Miguel Barba e fotografia por Américo Coelho.

Meta_, a personificação de Mariana Bragada em palco, apresentou-se no Musicbox, menos de 1 semana depois de o fazer no Primavera Sound no Porto, e também em regime trio, com Bom Beijo (com quem partilhou a produção do novo álbum) e Manu a acompanhá-la na apresentação do álbum de estreia “XIV – A Integração”.

Inspirado por viagens realizadas pela América do Sul, “XIV – A Integração”, apresenta-se como uma obra sem barreiras linguísticas ou de estilo, o que de certa forma define a identidade de Meta_ a artista. Já meta, o prefixo, pode ter múltiplos significados. Pode referir mudança, mas também transcendência ou até reflexão interior, e atrevemo-nos a pensar que todos elas estão presentes naquilo que Meta_ encarna.

«Só o amor» pode curar e começa a levantar o véu sobre as canções de Meta_; um equilíbrio entre orgânico e electrónica, entre tradicional e moderno. «Slicka på såren / Pássaro». Quer dizer lamber as feridas, e mostra os dotes do sueco Bom Beijo a rimar, num registo em que os beats e drum’n’bass andam de mão em mão com o tradicional, muito por culpa de como a voz de Meta_ liga tudo. «Peneir-ar» invoca as raízes transmontanas de Meta_, da peneira do seu uso prático e metafórico. “Peneiro o que já não me serve / Passo pelo crivo / Separo o trigo do joio / Planto o que fica “. 

Munida apenas de uma guitarra acústica, Meta_ oferece-nos a «Árvore Voadora», aqui apenas com a sua voz (no álbum é um dueto com LARIE). Voz que se revela muito versátil, na interpretação de um cover à capella de um nome argentino (o qual me escapa), mas que teve o condão de trazer à memória, a fantástica Lhasa de Sela, muito pela forma como foi cantado. Começando a rumar novamente a terrenos mais electrónicos, aborda-se a saída de uma relação tóxica, em «Fuego Sagrado»; seja em Português, em Castelhano ou em Inglês, canta-se que “este fogo não pode queimar-me”. Acreditamos. «Cura Sana (camino infinito)» é drum’n’bass mas pelo meio vislumbramos um adufe. Surge como momento de libertação pela dança, logo após a uma canção com maior peso emocional. Funciona, e bem, e a raiz da música tradicional portuguesa está sempre presente.

Perto do fim, chega o momento mais intenso. «Quarto Escuro» é uma bela canção sobre depressão e – mais importante ainda – ultrapassá-la, nunca sós. Não há nenhuma palavra dita de forma leviana. Finalmente, a canção que abre o álbum “Balsame” de Xinobi, «La Tormenta», é a escolhida para encerrar um concerto cheio.



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