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Miguel Pedro

”A música é aquilo que tem que ser para mim: algo que me dá imenso prazer e que me faz vencer cansaços, momentos menos bons, solidão, tristezas, etc. Compor é um acto de grande alegria interior. Tocar ao vivo é energia em estado puro.”

Miguel Pedro, 44 anos, bracarense, licenciado em Direito e Filosofia pelas Universidade de Coimbra e Universidade Católica Portuguesa respectivamente, Director Municipal. Decerto que esta descrição não revelará muito ao leitor menos indagado, mas e se lhe acrescentar: baterista, mentor de bandas de vanguarda como Jazz Iguanas e Humpty Dumpty, figura, também, militante do cenário Rock Rendez Vous na capital (entre meados de 80/90), a par de Adolfo Luxúria Canibal, com um dos projectos catalisadores da senda RRV os – sempre actuais – Mão Morta. Já lhe assevera muito mais?

A admiração pelo já longo trabalho de Miguel Pedro como músico/impulsionador/compositor e a curiosidade, confessa, pelo modo como um Director Municipal, jurista e integrante activo – como presidente – da Assembleia Geral do “seu” Sporting Clube de Braga estabelece ou compatibiliza todas estas facções, ou melhor, realidades, foi o ímpeto, mais que legítimo, para esta pequena conversa, prontamente aceite.

“Directamente não encontro nenhuma relação causal entre a minha formação académica e as bandas que fundei e nas quais toco. A verdade é que tal só existiria se eu me tivesse licenciado em música, o que não aconteceu. De qualquer forma, o meu percurso académico e profissional – extra-música – é paralelo ao meu percurso como compositor e músico, embora se toquem, já que não existe qualquer esquizofrenia que me leve a dividir a personalidade. É só um Miguel Pedro. Não existe um dr. Jeckill ou mr. Hide em mim”, explica Miguel.

Como Director de uma Câmara Municipal e paralelamente gerador, ao longo dos últimos anos, de pulsões no seio de nichos culturais não tão evidenciados ou aceites, MP aproveita “… o facto de estar nesta posição para tentar fazer alguma coisa de interessante, sendo certo que as minhas funções na autarquia nada têm a ver com  a cultura. De qualquer forma, apesar de ser um técnico, tenho relações próximas com os centros de decisões autárquicos e, sempre que posso, meto a minha “colherada”. O caso das salas de ensaio por debaixo da bancada do estádio 1º de Maio é um exemplo de um processo no qual participei e posso dizer, com algum orgulho, tem dado resultados práticos excelentes. De lá saíram bandas como Mundo Cão, Peixe Avião, Smix Smox Smux, At freddy´s House, Monstro Mau, Budda Power Blues,Tatzumaki e outros… e Mão Morta trabalha lá também”.

Entre realidades laborais diárias e outras, também reais, mas menos alinhadas e ortodoxas torna-se, por vezes, não muito claro o significado da música na vida de um músico, não a tempo inteiro. MP clarifica “a música é aquilo que tem que ser para mim: algo que me dá imenso prazer e que me faz vencer cansaços, momentos menos bons, solidão, tristezas, etc. Compor é um acto de grande alegria interior. Tocar ao vivo é energia em estado puro.”

Miguel Pedro traz muita e variada experiência de projectos e ideias que ajudou a erguer, às quais deu o seu contributo ou integrou. É tão relevante como bem esclarecido o seu percurso nestas lides.

Seja com Mão Morta, Mini Drunfes, Jazz Iguanas, Mundo Cão, Governo – mais recentemente – ou como produtor de trabalhos e colectâneas de outros artistas, como Big Fat Mamma, Glum Edge, God´s Eye ou Erro, MP desdobra-se em projectos caracterizados por uma energia algo dicotómica entre invulgaridade e contrariedades emocionais.

Mais recentemente, Henrique Amaro fez sair “Propaganda Sentimental”, editado na Optimus Discos. Valter Hugo Mãe, admirador convicto de Adolfo Lúxuria e Miguel Pedro é o autor das letras. Miguel clarifica, “o Governo é uma banda que nasceu de um convite do Valter para uma sessão de poesia/música/canções no Teatro Campo Alegre, no Porto. Eu compus três temas e o Rafael outros três… e as coisas correram tão bem, a reacção do público foi tão positiva e encorajadora que decidimos continuar. O Henrique Amaro convidou-nos para editar na Optimus Discos e, como não podia deixar de ser, dissemos logo que sim. O Henrique é das pessoas, em Portugal, que melhor compreende o fenómeno da música portuguesa, em todas as suas vertentes, e é – e sempre será – um prazer alinhar em tudo o que ele propuser.”

Depois de “Propaganda Sentimental há ainda a gravação do CD de originais de Mão Morta, ainda a decorrer, e a sair em 2010. ”Estamos neste momento a gravar o novo de originais, a sair em 2010… será o ano dos nossos 25 anos de carreira… estamos cheios de vontade de fazer coisas” refere Miguel.

Mas MP tem, para além da edição do novo disco de Mão Morta e do primeiro CD de Governo, a concretização de um projecto audacioso para breve. “Para além da edição do novo trabalho dos Mão Morta, o ano de 2010 servirá também para tentar colocar cá fora o primeiro CD de Governo. Além disso, estou a trabalhar num projecto de arte digital, com o Adolfo e o João Martinho Moura, que poderá funcionar como o embrião de um grande projecto para 2012”, explica Miguel sem se alongar, para já, muito mais.

Os desafios que integra têm semelhanças e diferenças que acabam por ser justificadas pelo próprio; “é como uma família. Todos os membros são diferentes, mas partilham uma linhagem comum. Com as bandas que integro passa-se o mesmo”.

O público também será naturalmente diferente, “há diferenças de públicos, embora haja muito público em comum, a razão fundamental julgo que se prende com o facto de cada banda ser diferente e falar às pessoas de forma diferente, mas a ideia é precisamente essa”, conclui.



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