MiMi
A NetLabel nacional que serve de portal da nova música japonesa.
O mercado discográfico está em verdadeira ebulição. Este início do século XXI traz-nos uma nova realidade, onde o vulgar CD apenas serve para encher prateleiras das lojas e os leitores de mp3 e afins tranformaram-se nas aparelhagens do novo milénio. A Internet transformou-se numa autêntica “discoteca” com a “pequena” vantagem de não existirem preços, revolucionando por completo a maneira de estar das maiores editoras mundiais, que agora tentam criar “lojas virtuais” onde o cliente compra o seu download. O problema destas “lojas” é que ninguém quer pagar um “mp3” quando o pode ter à borla.
É neste panorâma que começam a surgir editoras completamente vocacionadas para a Internet e que disponibilizam álbuns completos (com direito a toda a arte de capa) de artistas desconhecidos e de todos os géneros musicais, criando uma oportunidade de dar a conhecer a todo o mundo uma obra que dificilmente iria sair da “gaveta”.
As NetLabels, para além do mérito de disponibilizar nova música completamente à borla, conseguem especificar-se num determinado género e público. Obviamente que os projectos que surgem neste tipo de “editoras”, são mais virados para os ambientes electrónicos e experimentais, devido à grande “facilidade” de produção deste tipo de sonoridades e ao grande número de projectos que têm surgido nos últimos tempos.
Uma das mais interessantes NetLabels nacionais é a MiMi Records (www.clubotaku.org/mimi), que tem feito a ponte cultural da música moderna entre Portugal e o Japão. Esta “editora virtual” faz parte de uma organização, o “ClubOtaku”, que tem como principal referência a cultura japonesa, desde a música ao cinema, passando pela animação e tradições. A MiMi é apenas mais uma iniciativa que pretende divulgar entre nós um pouco da grande produção musical que existe no Japão.
Em conversa com Fernando Ferreira, um dos mentores do projecto, conseguimos descobrir que este gosto pelo Japão já existe há algum tempo; “o meu gosto pelo Japão começa na década de 70, quando pela primeira vez os desenhos animados entram em Portugal pela caixinha mágica. Ao longo do tempo foi aumentando esse gosto e aumentando o leque de referências ao país do sol nascente”. Depois de duas décadas de dificil acesso à cultura nipónica, surge a Internet e “o gosto ainda se torna mais forte, isto porque o acesso às coisas é muito mais fácil e é-nos permitido o contacto com pessoas do outro lado do mundo“. Finalmente no final dos anos 90, este interesse “materializa-se” e surge o “ClubOtaku”.
A ideia de criar a MiMi Records já existia há muito tempo mas apenas foi possível concretizá-la há pouco mais de um ano. A NetLabel “apareceu no dia em que assisti a um concerto de música tradicional japonesa na comemoração dos 460 anos de amizade entre Portugal e o Japão“, descreve-nos Fernando Ferreira que, depois do concerto decidiu “continuar com esta amizade mas desta vez com música mais moderna“, criando a editora que neste curto espaço de tempo já tem um número bastante razoável de lançamentos, abrangendo algumas áreas musicais (electronica/glitch/i.d.m/ambiental/noise).
O contacto com a grande maioria dos artistas surge através da Internet, para o qual ajuda bastante o conhecimento da língua japonesa e o próprio nome da editora (Mimi em japonês significa “ouvido”) e tem funcionado como uma bola de neve, como nos confidencia Fernando Ferreira, “alguns dos japoneses que editaram pela MiMi, deram o contacto ou apresentaram-me outros projectos japoneses que possivelmente gostariam de editar”. Os temas são enviados pelo correio e colocados na Internet, disponíveis para todo o mundo.
A adesão tem sido satisfatória, tendo em conta a especificidade da editora. O futuro passa a curto prazo pela edição de 4 novos projectos (1 português e 3 japoneses) e “possivelmente o lançamento de uma compilação MiMi Records” a médio/longo prazo. A passagem para CD de algumas das edições da MiMi não está colocada de lado, “mas para já queremos ir aumentando um pouco mais o nosso catálogo”.
As NetLabels vieram para ficar e sem dúvida que esta é uma das mais interessantes. Não deixem de dar uma “espreitadela” e fiquem a conhecer o melhor que se faz na música nipónica da actualidade.
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