rdb_mocky_header

Mocky e Tiguana Bibles @ Musicbox

Lisboa, 30 de Outubro.

Ninguém diria que o Mocky que deambulava pelo Musicbox antes da actuação seria o mesmo que, momentos depois, subiria ao palco para um concerto memorável.

A banda de Mocky é composta por quatro músicos – o próprio, na bateria, um contrabaixista que também é percussionista, uma flautista e um teclista. É uma banda bem comportada, que raramente perde a compostura. Mocky é um multi-instrumentalista pelo que não nos admiraria ver tocar qualquer outro instrumento em palco. Em Lisboa, como já referimos, ocupou a posição de baterista.

Os músicos estão visivelmente satisfeitos. Afinal de contas é um privilégio fazer música e poder tocá-la ao vivo. Mocky não o esconde; para ele tocar não é trabalho, é paixão, tal como referiu em entrevista antes do concerto. Daí a simpatia que emana do palco, com directa correspondência para o público.

As canções podem acabar umas vezes de forma descontraída e, consequentemente, inesperada, outras em euforia anunciada. As melodias que vêm das flautas – não foram poucas as que passaram pelo palco, de vários feitios, de vários nomes – são familiares e reconhecíveis. À medida que avança para o final, o espectáculo – quase todo instrumental – torna-se mais intenso.

Há um falso final. Nesta altura o público já está rendido. Não admira que o canadiano regresse para encore. Regressa para cantar (novidade) numa das duas canções que interpretou. O público não está satisfeito. Continua a cantar em uníssono a melodia da última canção. É óbvio, a banda regressa para um segundo encore. Desta vez canta de pé e refere: “Lisboa, esta noite vocês transcenderam-se. Precisamos de vocês em mais uma música. Marquem o ritmo”. Assim foi. E o tímido e reservado Mocky acabou de microfone na mão, descomposto e agarrado aos teclados.

Desta vez o canadiano já não voltaria, mas continuámos a ouvir os coros do público. Ficávamos a noite inteira nisto. Grande concerto.

Os Tiguana Bibles são o guitarrista Victor Torpedo, o contrabaixista Pedro Serra, o baterista Kaló e uma carismática vocalista que, como qualquer carismático entertainner, chama a si toda a atenção. Chama-se Tracy Vandal e já colaborou com Alex Kapranos (Franz Ferdinand).

Na música dos Tiguana Bibles há rock suado, blues para bater o pé e uma sensualidade que emana da tal Tracy Vandal. “Porque não estão a suar?”, diz numa altura em que, só ela, já tinha gasto meia dúzia de lenços.

A certa altura, a vocalista vagueia pelo palco, como que a deixar as atenções viradas para os outros músicos, músicos da cena de Coimbra, músicos experimentados e que dispensam apresentações.

É por isso que acabamos por nos centrar tanto em Vandal, a surpresa da noite. Ela ajoelha-se, deita-se, rebola, volta a levantar-se e acaba o concerto no meio do público.



Pin It on Pinterest

Share This