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Monchique

O Bar que virou restaurante planta-se ao pé do Douro e ali fica, intimista, à espera da nossa visita

Raros são os sítios, numa Zona Histórica do Porto cada vez mais na moda, em que seja possível conciliar todos os elementos que fazem de um bom jantar uma excelente experiência. A comida tem de ser boa, claro está, mas o ambiente também conta e, por vezes, nem uma boa decoração salva o potencial de um sítio ruidoso, atolado ou com mau atendimento.

Por isso é tão raro encontrar um restaurante onde nos sintamos verdadeiramente em casa… E foi isso mesmo que aconteceu ao visitarmos o Monchique, um espaço à beira Douro plantado onde nos sentimos relaxados desde o momento em que entramos.

Fomos recebidos com um Porto pelo simpático staff e o dono, Bruno Cunha, juntou-se à mesa para jantar. Durante o serão, foi-nos contando a história deste Monchique, pensado originalmente como bar, mas que acabou por ir diminuindo o número de sofás e aumentando as mesas, para fazer jus aos pedidos insistentes dos clientes mais fiéis, apaixonados pela comida.

Talvez essa anterior vocação explique o aconchego dos sofás do Lounge, onde quem chega pode beber um tónico enquanto espera pelos amigos ou termina a noite com o Gin, depois de jantar. Explica, certamente, a óptima (e variada) garrafeira, pautada pela boa escolha de vinhos, cervejas (todas importadas), whiskeys (e whiskies) e Gins… Até porque os olhos comem, mas não são os únicos.

Com ou sem explicações, o certo é que o Monchique preza pela boa bebida, acompanhada por igualmente boas iguarias culinárias, com pratos saborosos, bem confecionados e de porções generosas. O espaço em si é acolhedor e intimista, com a meia-luz e a música suave a convidar a uma boa conversa ou um momento a dois.

E o preço, apesar do que o espaço possa dar a entender, não assusta. “Queria ter um espaço sofisticado, em que as pessoas se sentissem confortáveis, mas onde não gastassem muito dinheiro”, confessou Bruno Cunha, que garante que se pode comer (bem) por vinte euros.

O encanto deste espaço, onde a pedra das paredes se harmoniza com a madeira das estruturas, só ganha mais brilho no Natal. O restaurante está decorado a preceito para a época e foi, até, criado um menu especial de Natal, a pensar nas reuniões de amigos ou colegas de trabalho. Foi esse menu que provamos durante esta visita.

O “Christmas Dinner” é composto por duas modalidades, uma de 17,50 por pessoa e outra de 25 euros por pessoa. Ambas podem ser servidas para grupos a partir de seis pessoas e oferecem para degustação algumas das principais iguarias do Monchique.

Provamos a segunda alternativa e fomos brindados com um paté de atum bem colorido, acompanhado de tostas. Também na mesa chegaram os deliciosos e macios rojões, um dos grandes destaques da mesa, e o não menos saboroso presunto, acompanhado de melão.

Já satisfeitos com os excelentes rojões, ainda arranjamos espaço para as restantes entradas (sim, ainda não tinha acabado): uns surpreendentes folhados de alheira, os habituais salgados e uns suculentos cogumelos com bacon.

A conversa foi fluindo naturalmente e fomos arranjando espaço para o prato principal, “culpa” também atribuível ao vinho tinto da casa, alentejano, que nos ampliava os sentidos e abria o apetite para o resto da refeição.

As opções do menu não facilitaram a escolha do prato principal: é possível optar por espetadas de gambas, espadarte, picanha ou bife à Monchique… Provamos tudo menos o espadarte e continuamos, dias depois, a tentar decidir qual a melhor. “Venha o Diabo e escolha!”, que qualquer opção é bem jogada.

A Espetada de Gambas é tão bem servida que nem conseguimos terminar e as gambas, ao alho e servidas em espeto, com pimentos, são grandes e suculentas, quase dispensando acompanhamentos.

Quem preferir um prato que implique menos jogo “manual” para descascar camarões pode sempre optar pela picanha, servida à moda do Brasil, mas com um suave toque portuense (e rodelas generosas de ananás!).

Finalmente, quem estiver com apetite para algo intermédio, pode sempre optar por uma das especialidades da casa, o Bife à Monchique, que conjuga o melhor dos dois mundos: para além do tenro bife (e das batatas caseiras), o prato vem ainda guarnecido de camarões e ameijoas, para gáudio dos mais gulosos apreciadores de carne…e marisco.

Entre boa conversa, atendimento cuidado e melhor bebida(Adega da Vila, para quem quiser indagar), quando demos por ela já a noite ia longa. Houve, mesmo assim, tempo (e barriga) para a sobremesa, onde fugimos do “script” e, para além do cheesecake (que está incluído no menu de Natal), provamos, a convite do dono, a sua sobremesa preferida: Baba de Camelo.

Entre o café, mais um dedo de conversa e, reparamos que, à nossa volta, todos faziam o mesmo. Casais, grupos de amigos… todos aproveitavam o ambiente relaxado, enlaçados nos arcos de pedra tradicional e no ambiente acolhedor do espaço, sem ligar ao tempo que ia passando.

“É, mais do que outra coisa qualquer, um restaurante casual, com bom ambiente. E a vista para o Rio Douro também ajuda”, gracejou Bruno Cunha, que adianta que este não é “um sítio para se ver e ser visto”. “É um sítio discreto e confortável, sem tentar ser pretensioso”, admitiu. Não podíamos concordar mais.

 

Monchique Bar

Cais das Pedras 5, 4050-465 Porto

 

Fotografia de Catarina Costa



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