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Mais uma MONSTRA

De Bambi a Frankenstein, todo o cinema de animação passou por Lisboa

No passado Domingo chegou ao final mais uma edição do festival de cinema de animação, a MONSTRA. Como já é habitual, foi uma semana com uma programação intensa de animação, começando na retrospectiva alemã, que contou com mais de 100 filmes, entre os quais obras de Bruno Böttge, Lotte Reiniger ou Raimund Krumme, o escolhido para abrir as hostes na sessão de abertura.

A animação japonesa é certamente um dos maiores focos de atenção da actualidade e não tem sido esquecida neste festival. Este ano a programação voltou a ser cuidada, passando referências como “Ghost in The Shell II” e “Winter Days”. Infelizmente, a retrospectiva de Isao Takahata teve de ser cancelada ao último momento e substituída por outros filmes, do qual se salienta a estreia ibérica de “O Mundo secreto de Arrietty”, o mais recente filme dos estúdios Ghibli, com argumento de Hayao Miyazaki.

É de salientar também a presença de Ron Diamond, que esteve a cargo de uma programação dedicada aos Óscares da animação. Foram várias sessões, por onde passaram nomeados e premiados pela academia, sempre com o intuito de providenciar uma visão sobre os tipos de filmes que são premiados nos Óscares e o que é necessário para conquistar este prémio. Diamond também protagonizou uma masterclass sobre este tema que, segundo ele, mais do que um grande orçamento ou técnicas inovadoras de animação, se resume a ter uma grande ideia. Foi uma das grandes presenças na MONSTRA, principalmente para todos os estudantes de animação, uma vez que Diamond estava disposto a analisar trabalhos, e, nas suas palavras, veio “à procura de talento”.

A título pessoal, também gostei muito de ver na programação o filme “Fritz The Cat”; na altura as adaptações de BD podiam não estar tão em voga como hoje em dia, mas é sem dúvida alguma uma referência, e para quem não conhece o trabalho de Robert Crumb, imperdível. No campo da animação mais familiar saliento da programação um dos maiores clássicos da Walt Disney, “Bambi”, que emocionou tanto pequenos como graúdos.

A ideia de observar uma animação a ser executada ao vivo era uma oportunidade que não queria desperdiçar e por isso mesmo não perdi o espectáculo “49 Flies” de Pierre Hébert. A animação começa com a criação de moscas a voarem de um lado para o outro, usando o som, previamente gravado, de moscas presas entre vidros. O início parte daqui mas a animação vai evoluindo com o tempo para algo mais abstracto. Os cenários vão mudando à medida que Hébert trabalha os desenhos e, mais perto do fim, uma boneca é também introduzida dando uma carga mais negra ao trabalho. Depois de ver esta animação, percebe-se o ar de satisfação de Hébert quando no início fez questão em ler um ditado português que havia descoberto, “as moscas podem mudar, mas a merda continua sempre a mesma”.

Por fim, temos as várias sessões dedicadas às competições. Este ano não houve de longas-metragens, mas além das habituais curtas houve uma secção dedicada às curtíssimas e um novo prémio criado em conjunto com a SPAutores, que consiste no Prémio SPA / Vasco Granja, cujo objectivo é premiar o melhor filme de animação português de 2011. Nesta primeira edição do prémio, o vencedor foi “O Sapateiro” de David Doutel e Vasco Sá. “Dodu – O Rapaz de Cartão” de José Miguel Ribeiro e Virgílio Almeida, cujo episódio piloto foi estreado na Rua de Baixo em 2009, foi o vencedor do prémio de melhor série de TV. Podem consultar a lista de vencedores no site oficial.

Em relação à sessão da competição internacional à qual assisti, saliento o filme espanhol “Vicenta” de SAM, que se inspira no conto de Frankenstein para criar uma história repleta de humor; “E se” de Sandra Santos, que se debruça sobre a relação entre dois colegas de trabalho e “Dimanche” de Patrick Doyon, que nos faz voltar a ser crianças por uns breves instantes, e que bom que isso sempre é.



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