Nike
A coca-cola dos Ténis
Sempre fresh, um doce vício, um pecado, com todo o gás: envoltos em constante polémica ou num abafado disfarce de operações de cosmética publicitária… eles são Os Tais. Ame-se ou odeie-se o conceito que envolve as suas costuras, os ténis Nike são uma referência incontornável na moda, mesmo para aqueles que se querem pôr à margem dela.
Antes de ser reconhecida pelo logo que lembra um gordo “certo”, a marcador vermelho da professora, e mesmo antes de se chamar Nike, as fundições da marca assentam numa empresa chamada Blue Riboon Sports (BRS). Fundada em 1964, por Phil Knight e pelo atleta Bill Bowerman, o objectivo da BRS seria fornecer aos atletas o melhor calçado para diferentes práticas desportivas, potenciando vitórias pelo pé de cada um. E é aqui que nasce o conceito Nike, em ’71, ancorado pela mitologia grega na qual Nike era a deusa alada, personificação do triunfo e – precisamente – da vitória. A marca autonomiza-se em relação à empresa-mãe e os Nike saem para a rua em nome próprio no virar da década de ’80, dominando o mercado até aos dias de hoje, num reinado conturbado como o de qualquer casa real.
Portanto, na visão da máxima atlética “If you hava a body, you’re an athlete” a linha de ténis poderia chegar a qualquer um, apostando em estudos de design que não se fechassem apenas sobre os competidores de pavilhão ou de pista dos 100 metros – mesmo que o desporto seja o seu rosto. E foram caras como a de Michael Jordan, o gigante mestre do basquetebol, que ajudaram e muito a influenciar o mercado na sua compra e a trazer tendências de sportswear para as ruas, e daí um pequeno salto para a proliferação dos Air Nike. Eu não sou, nem no jeito nem no tamanho, arraçada de basquetebolista, mas claro que os meus olhos também saltavam ao ver os anúncios daqueles pés gigantes no ar, uns Jordan’s “enchidos” e abotinados, a marcar cestos mais de 3 metros de altura. Eu queria, tu querias… todos queríamos Nike. Para a dança ou para a bola, houve quem os quisesse para yoga, para isto e para aquilo. Pela leveza, pelo conforto, pelo design ou pela cor. Porque sim.
A marca revestiu-se bem em soluções para os vários espectros de público, com colecções específicas a agradar a gregos e troianos, chegando às produções de roupa e ténis extensíveis ao uso casual, como no caso das colecções Nike 6.0 (muito viradas para a transposição do desporto para a corrente urbana, cosmopolita, com raízes de urban e streetwear) e saltando, depois, as barreiras da personalização com os selfmade Nike ID (concebidos a partir do site da marca, perante a definição própria de design, cores e tecnologia… de sola e atacador). Este ano, os estandartes da marca mantêm-se sendo que ao nível de novos lançamentos, temos sobretudo novidades a nível de roupa, casacos quentes e de capuzes felpudos, de enchimento estilo old school Duffy, mas com a devida preocupação de se manterem justos ao corpo.
Mas a marca não caminha sozinha no seu reinado. A Nike tem agora uma extensão tentacular a um conjunto de outras empresas agora suas subsidiárias, tão importantes como a Cole Haan, Converse, Hurley e Umbro. Todos mimos para os pés, às vezes caros para as mãos, principalmente quando levadas à consciência, onde mora o lado sombrio da coisa… aquele que custa sempre um pouco mais a digerir.
Claro que toda a questão do crescimento tem a ver com um aumento de responsabilidades… e um aumento de problemas. A marca tem, por isso, um passado e um presente envoltos em polémica, sendo que os seus números têm contornos de perversidade ainda não totalmente superados. Catalizada a polémica a partir da obra da investigadora Naomi Klein, No Logo, foi no virar no milénio que a Nike se viu a braços com sérias acusações de terceirizar a sua produção, levada a cabo a custos mínimos pela exploração de crianças em países como a China, Cambodja, Indonésia e Vietname. Com o escândalo instalado e com os olhos de todos postos em cima, a fragilização de contratos e patrocínios conduziu a marca a “compensar o mundo” actualmente com estratégias de sustentabilidade e responsabilidade social: programas de protecção ambiental (nomeadamente na floresta amazónica), implementação de políticas de conduta e auditoria para uma maior protecção social e transparência nos resultados da empresa.
É este o actual modo operacional da Nike, empregadora de 30 mil pessoas em seis continentes… Nos pés de milhares e milhares de pessoas, que “apesar dos pesares” continuam a ver nesta marca o melhor que se faz em design de material e shoe fashion de uma forma tão apetecível como um hambúrguer e cola, lado a lado.
Não é uma imagem muito atlética, mas mesmo assim, como os ténis… They’re god damn good.
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Não me diz grande coisa a Nike…prefiro a Adidas (sobretudo modelos "old school" como os Gazelle ou os Superstar…e só uso cenas com o "logo" original).
Olha que o que não falta na Nike são clássicos oldschool…Air Force, Air Jordans, Cortez, Star Classic, Waffle Racers e por ai fora…