Nils Frahm @ Aula Magna (18.11.2018)
Nils Frahm entrou em palco como se estivesse a voltar para um encore: dirigiu-se para o centro do palco e de imediato agradeceu a presença da plateia com uma série de vénias.
No palco podíamos ver uma mão cheia de teclados, desde o clássico até ao infantil, e outros tantos sintetizadores, que dão azo ao crescente protagonismo que a electrónica vêm ganhando no som do músico alemão.
Na maioria das composições Nils Frahm desdobra-se entre todos os aparelhos que têm em palco, com excepção de uma enfiada de temas em que se cingiu a um teclado (entre «My Friend the Forest», «More», «Ode» e «Four Hands»). Dado que a maquinaria requer ser configurada de música para música, o compositor germânico faz uso do microfone e debita um discurso sempre bem-humorado, com o qual vai entretendo o público. Vai explicando que precisa evitar um ou outro percalço que ocorreram na noite anterior em Braga, onde fez parte do cartaz do Festival Para Gente Sentada. Dado serem as primeiras datas da tournée percebe-se perfeitamente que a máquina não esteja perfeitamente oleada, em especial quando um homem apenas tem que responsabilizar-se por tantas teclas e botões. Por entre os instrumentos encontra-se um piano que Nils Frahm construiu, com a ajuda de outros técnicos, cujo intuito era soar semelhante aos órgãos de igreja mas que infelizmente acabou com um som aterradoramente parecido aos panpipes. No entanto, como músico inventivo que é, Nils acaba por conseguir encaixá-lo no seu trabalho, ainda que seja claramente o instrumento menos interessante em palco. Acabou por explicar como pode ser inclusivamente estimulante jogar com instrumentos imperfeitos, porque tal como o referido órgão, também os sintetizadores podem ser monótonos caso não tenham acompanhamento doutras ferramentas musicais. E esta pequena explicação sintetiza na perfeição como funciona a mente de artistas como este alemão.
Apesar de ter agradecido a experiência que foi o recital à chuva no Primavera Sound do Porto há uns meses, e a todos os aventureiros que aguentaram o temporal, Nils Frahm mostrou-se agradado por ter um concerto próprio, durante o qual pode explorar todos os naipes que a sua sonoridade traz na manga, e que se têm tornado mais vastos com o tempo. E foi, como era fácil adivinhar, um prazer enorme assistir a estas duas horas e meia de verdadeiro workshop de música para escutar e dançar com os nossos botões. Os nossos e os dele, já agora.
Alinhamento
– Harmonium in the Well
– Sunson
– My Friend the Forest
– More
– Ode
– Four Hands
– Hammers
– The Whole Universe Wants to Be Touched
– All Melody
– Says
(encore)
– For + Peter + Toilet Brushes + More
Texto por Álvaro Graça e fotografia por Carolina dos Santos.
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