Nokia Lumia 820
Um Windows Phone para as massas
No início de Maio, pela primeira vez, o número de smartphones com o sistema operativo da Microsoft ultrapassou a Blackberry, reclamando assim a terceira posição do pódio com 3.2% de todos os dispositivos expedidos no mundo. Embora a distância para os dois primeiros (iOS e Android) seja enorme, este não deixa de ser um milestone importante para a empresa de Redmond. Este resultado muito se deve à grande aposta da Nokia no sistema operativo Windows Phone e ao recorrente lançamento de novos dispositivos, que juntos formam um leque variado de opções que procuram satisfazer todas as necessidades e bolsas dos clientes. O Nokia Lumia 820 faz parte deste ramalhete e coloca-se numa posição intermédia, podendo ser uma das opções mais coerentes entre custo/benefício.
Como é hábito na linha Lumia, o look & feel do 820 é fantástico, pecando apenas pelo seu peso (160 gramas). As suas características são semelhantes a um outro qualquer dispositivo Android de “meio da tabela” com a vantagem de ser compatível com a rede 4G nacional. O ecrã AMOLED de 4,3’’ mantém a qualidade que tínhamos visto em outros modelos Lumia com o uso da tecnologia “ClearBlack” (o preto é mesmo preto e as cores são mesmo vibrantes) e a câmara traseira de 8MP não compromete, sendo mesmo bastante boa em condições com pouca luminosidade, ao contrário da grande maioria dos smartphones desta “gama”.
Uma das características que tornam este Lumia 820 diferente é a possibilidade de trocar a capa traseira. Para além da cor, as capas disponibilizadas pela Nokia permitem carregar a bateria sem fios utilizando uma dock específica ou uma almofada. É também na parte traseira do telefone, retirando a bateria, que se encontram os slots para colocar o cartão microSIM e o cartão SD, sendo este último fundamental neste dispositivo porque apenas tem 8GB de armazenamento disponível, o que, mesmo para um sistema operativo leve, é muito pouco actualmente. Contudo, o calcanhar de Aquiles do Lumia 820 é a bateria com apenas 1650 mAh que claramente não é suficiente para um dia de utilização média/alta.
O Sistema Operativo
Alguns meses após termos experimentado o HTC 8X, tínhamos algumas expectativas em relação à evolução do sistema operativo da Microsoft, nomeadamente no número e qualidade das aplicações existentes na loja. Após ter “vivido” duas semanas com o Lumia 820, a minha opinião não se alterou. Surgiram algumas aplicações em falta (Zite e Audible, duas das melhores) mas continuam a faltar os “pesos pesados” que já existem em iOS e Android, como por exemplo Flipboard. Para além disso, as aplicações existentes deixam muito a desejar em relação às suas congéneres nos ecossistemas da Apple e Google (por exemplo o Facebook). Mas nem tudo é negativo. Existem áreas onde o Windows Phone brilha, particularmente ao nível do gaming. Para além do óptimo catálogo de títulos e ligação com a X-Box, é possível descarregar uma versão experimental de cada jogo e depois adquiri-lo se assim o desejarmos.
Uma outra mais-valia deste dispositivo é o facto de ser da Nokia. Como tem sido hábito, a Nokia disponibiliza a melhor suite de aplicações do mercado. Com o lançamento do HERE Maps (em todas as plataformas móveis) a Nokia aumentou o seu leque de aplicações disponibilizando agora o HERE City Lens (que através de realidade aumentada indica pontos de interesse próximos), o HERE Drive+ (que mesmo ainda em beta é uma excelente aplicação de navegação) e o HERE Transit que permite obter rotas de transportes públicos e que funciona muito bem em Lisboa. Estes são alguns exemplos de aplicações que fazem parte da “Nokia Collection”, um catálogo de aplicações que procura abranger todas as categorias e onde podemos encontrar desde filtros para a câmara a aplicações de música e vídeo, passando por jogos (exclusivos Nokia) e utilitários.
Apelativo, colorido e vibrante. Sem dúvida que sim. Limitado e confuso. Claramente. O Windows Phone é ainda um sistema operativo muito “verde” e com muito para evoluir. O multitasking é confuso e nunca se consegue perceber se funciona. O browser é péssimo e não existem opções viáveis na loja. O controlo áudio (pause/play) dos auscultadores funciona apenas em algumas aplicações. Não existe forma de agrupar as aplicações por pastas. O sistema de notificações é praticamente inexistente e resume-se a uma mão cheia de aplicações. Por outro lado, existem implementações muito bem conseguidas como a Kids Area que permite parametrizar um conjunto de aplicações, músicas, etc e com um simples swipe no lock screen entrar nesse modo “controlado”, permitindo dessa forma a utilização do dispositivo por crianças sem o perigo de apagar qualquer coisa ou gastar dinheiro na loja. Também me agrada o “People Hub” onde, num único local, é possível navegar em toda a informação de um determinado contacto, desde os seu últimos posts na redes sociais até aos últimos e-mails trocados.
Conclusão
Com esta nova linha Lumia (820 e 920), a Nokia marcou claramente o seu território e tornou-se a única marca a ter em conta quando se opta por um smartphone com Windows Phone. A HTC e a Samsung, que também disponibilizam dispositivos com o sistema operativo da Microsoft, parecem ter muito mais com que se preocupar, deixando o terreno aberto à Nokia. Obviamente que ser líder num sistema operativo que tem 3% de mercado não pode deixar a marca finlandesa satisfeita. O que os novos dispositivos Lumia provam é que, se existe alguma culpa no falhanço do Windows Phone, essa culpa não pode ser atribuída à Nokia. A Microsoft terá que rapidamente meter mãos à obra se tem ainda alguma esperança de encurtar a diferença que a separa da liderança.
Se estão “no mercado” à procura de um smartphone com Windows Phone, o Lumia 820 é uma boa escolha. Não sendo brilhante nalgum aspecto em particular, consegue ser bastante coerente e é mais do que suficiente para um utilizador normal. Infelizmente, o Lumia 820 não pode ser adquirido em nenhuma operadora, obrigando assim à sua aquisição desbloqueado. Neste momento encontra-se à venda na Fnac por 399 euros (promoção).
PRÓS
– Look & Feel
– Aplicações “Nokia Collection”
– Câmara em condições com pouca luz
CONTRAS
– Bateria
– Sistema Operativo ainda bastante “verde”
– Apenas 8GB de armazenamento
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