NOS ALIVE 2016 | Dia 1 (07-07-2016)
Um dia para recordar, reviver, viver e descobrir.
Longe vão os tempos em que os festivais começavam à Sexta e se prolongavam até Domingo. As Segundas que se seguiam era horríveis. As Quintas têm por isso as suas vantagens mas nem tudo é perfeito para quem trabalha… acabamos sempre por demorar um pouco mais do que gostaríamos a chegar. Neste caso em particular eram quase 20h e a ideia era apanhar um pouco de Biffy Clyro no palco NOS mas os planos sofreram logo uma mudança que não estava prevista à partida…
A culpa foi dos Vintage Trouble e do furacão que trouxeram para o palco Heineken, que contagiou tudo e todos. Rock’n’roll puro e duro personificado na perfeição na presença de Ty Taylor. Apanharam muitos de surpresa, fizeram novos fãs e tal não aconteceu por mero acaso ou não tenham acompanhado recentemente em palco monstros sagrados do rock como os Rolling Stones, os AC/DC ou os The Who. Vão voltar. De certeza.
John Grant apresenta-se em palco de calções e t-shirt, daqueles que usamos quando estamos por casa. Está descontraído e está bem consigo próprio. É evidente. O concerto arranca ao som de «You & Me», repleta de deliciosas ironias “You think you’re super special but you’re just a big twat / You probably went to Chernobyl for your honeymoon / You probably acted surprised”. Escuta-se também «Sigourney Weaver», entre sorrisos e piscar de olhos com elementos do público. Há boa disposição. Grant conhece-nos e quem está ali também o conhece. A voz continua segura e portentosa como sempre e por isso não é de admirar que «Glacier» arrepie; sempre o fez e esta vez não iria ser uma excepção. Perto do final surge a «GMF» em todo o seu esplendor. Provocante, irreverente e com o resultado esperado. Cantamos. Todos juntos. “But I am the greatest motherfucker / That you’re ever gonna meet / From the top of my head / Down to the tips of the toes on my feet”.
Havia expectativa para a estreia dos Wolf Alice por cá, muito por culpa do último álbum “My Love is Cool”. Um disco de rock coeso e bem conseguido, cheio de potenciais singles. E a verdade é que os ingleses, sempre com Ellie Rowsell à cabeça, cumprem. Canções como «Bros» ou «Lisbon» (uma referência à cidade onde elementos da banda passaram pela primeira vez férias no estrangeiro, na altura com 19 anos) conseguem mostrar uma cumplicidade palpável entre o público e a banda que, embora revele alguma inocência na sua sonoridade, própria da idade, revela também personalidade e potencial para surpreender no futuro.
Ver os Pixies em 2016 não é o mesmo que vê-los há 10 ou 15 anos atrás, por isso há que saber como chegar ao público. A melhor de o fazer é tocando as canções que este espera e quer ouvir, porque quando as canções são novas, o resultado não é o melhor. Digamos que não haverá muita gente a lembrar-se delas… Para memória futura ficarão canções como «Wave of Mutilation», «Bone Machine», «Monkey Gone to Heaven», «Where Is My Mind» ou «Debaser» entre muitas outras. Foram mais de 25 canções, quase sem pausas ou perdas de tempo com discursos inúteis ou não estivéssemos na presença de Black Francis.
Alex D’Alva Não é um DJ não é um DJ mas podia ser. A ideia é apenas passar uns discos e, durante o processo, divertirmo-nos. Bem… missão cumprida e a prova disso é quantidade de público junto ao Raw Coreto by G-Star Raw.
Os Soulwax são da velha guarda mas teimam em não querer deixar os seus créditos em mãos alheias. E ainda bem. O cenário em palco é impresionante. Guitarras, bateria e toda uma parafelnália de maquinaria, sintetizadores e teclados. O resultado, esse, é poderoso, imponente. Como uma onda sonora que sobe bem alto no palco para se abater, plena de força, sobre a plateia onde corpos se agitam, uns mais freneticamente do que outros. A noite está quente e os belgas conseguiram aquecê-la ainda mais.
Permitam-me um laivo nostálgico. O ano é 2002. O festival é o Sudoeste, quando ainda existia noutros moldes e para outro tipo de público. Nessa edição, os The Chemical Brothers deram um concerto memorável e épico. Estavam no pico da carreira e «Hey Boy, Hey Girl» levava toda e qualquer audiência à loucura. Ontem começaram o concerto com essa canção e, incrivelmente, o resultado foi o mesmo. Continua a soar bem. Fresca. Os Chemical Brothers têm o condão de, nos últimos anos, depois de terem caído um pouco no esquecimento, estarem a conseguir recuperar uma aura que tinham no início dos anos 2000. Digam lá que neste momento, nas vossas cabeças não estão a ouvir “Hey girls / Hey Boys / Superstar DJ’s / Here we go”?
Os Sean Riley & The Slowriders têm tido uns meses complicados. A perda de alguém próximo e querido é sempre um sentimento complexo para se lidar. Têm também um álbum novo que está repleto de belas canções mas que muitos tendem a ignorar. São canções com princípio, meio e fim, aquelas que a banda vai desfilando no palco Heineken, para um público num número reduzido mas que compensa o baixo número com a entrega. Porque eles merecem. E raios parta aqueles teclados na «Everything Changes.
Galeria
Fotografia de José Eduardo Real
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