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NOS Alive! 2018 | Dia 1 (12.07.2018)

No primeiro dia, os destaques vão para os concertos de Wolf Alice, Nine Inch Nails e Arctic Monkeys.

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A elevada afluência já não assusta. Em 2018 o NOS Alive! vende e respira confiança. A infraestrutura dá resposta e o público contínua sedento pela muita música e demais ofertas que existem no Passeio Marítimo de Algés por estes dias.

Jain estava a terminar a sua actuação quando chegamos (finalmente) ao recinto do NOS Alive! e pela atmosfera frenética e intensa que se vivia no Palco Sagres foi fácil de perceber que foi claramente um daqueles casos em que foi chegar ver e vencer. Não será abusado pensar que a francesa e a sua fusão de hip-hop com electrónica e ritmos africanos regressará num futuro próximo.

A pontualidade é um belo indicador do quão bem oleado está um festival e este é o caso. São 20h15 quando os Wolf Alice com Ellie Rowsell à cabeça sobem a um palco que visitaram há dois anos atrás e que tão boas recordações deixaram. Desta traziam “Visions of a Life” para mostrar, que sucedeu o belo “My Love is Cool”. E a sensação que prevalece é que as dores de crescimento não se fazem sentir por aqui. O alinhamento repartiu-se pelos dois álbuns e mesmo que «Your Loves Whore», «You’re a Germ», «Lisbon» (cantada às portas da cidade que a inspirou) ou «Moaning Lisa Smile» sejam recebidas de braços abertos, canções como «Yuk Foo», «Don’t Delete the Kisses» ou  «Beautifully Unconventional», não envergonham ninguém. No final percebemos que os Wolf Alice são uma banda completa, senhora do seu nariz e com muito ainda para dar. Nós sabemos e eles próprios sabem-no e os sorrisos que estavam estampados na cara da banda diziam tudo.

Pensar num concerto dos Nine Inch Nails – quase dez anos depois de terem passado por Portugal – neste primeiro dia do festival pode parecer estranho. Pelos nomes presentes, pela hora a que actuaram, porque pensar que logo a seguir vinham os Snow Patrol ao mesmo palco… Mas na verdade ninguém quer saber disso. Ver e ouvir os NiN é sempre algo memorável e este concerto não foi excepção. E ganha mesmo a taça do melhor concerto da noite e aquele em que o som esteve mais límpido e poderoso e a voz do vocalista melhor se ouviu (desculpa lá Alex).

Trent e companhia deram um concerto irrepreensível, repleto de energia e graves e um alinhamento capaz de satisfazer o maior dos fãs. Entre «Closer, «Shit Mirror», «The Pigs», «The hand that feeds» e a fantástica «Hurt» a rematar, nem Bowie foi esquecido com a belíssima cover de «I’m Afraid of Americans».

Queremos muito que voltem. Sozinhos. Num palco com as condições ideais (olá Coliseu dos Recreios).

Dos Friendly Fires espero acima de tudo uma coisa. Dançar. Pensar que o mundo vai acabar amanhã e que a única coisa que nos resta é dançar e já agora sentir uma esperança renovada que o regresso da banda às edições está para breve e já foi possível escutar uma pequena amostra com «Love Like Waves». Mas até lá poder relembrar as canções de “Pala”, não é nada, mas mesmo nada, de deitar fora e por isso dançou-se (e muito!) ao som de «Hurting», «True Love», «Hawaiian Air» já na recta final e dessa relíquia que dá pelo nome de «Skeleton Boy».

Antes de se rumar ao Palco NOS para os Arctic Monkeys há paragem obrigatória no Palco Clubbing para ver PAUS + Holly Hood. O espectáculo, concebido especialmente para o NOS Alive! Deixava todos na expectativa e curiosos, sem saber bem o que esperar. O arranque é garantido por Holly Hood e a sua crew à qual depois se juntam os PAUS que nos deram o fantástico “Madeira” e que sentem como peixe na água neste tipo de colaborações.

Não nos enganemos, os Arctic Monkeys são a banda do Alex Turner e isso não é mau. As coisas são como são. O palco é dele. Ele tem a pose e a personalidade de uma estrela de rock e a verdade é que vive bem com isso. Num alinhamento que contou com vinte canções, três delas já em encore, houve tempo para visitar uma carreira que entre altos e baixos, se tem pautado sempre pela busca de algo diferente de álbum para álbum, nunca se acomodando e isso, é sempre de louvar. Aqueles rapazes de Sheffield que tomaram de assalto o mundo da música em 2006 quando editaram “Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not” e que prosseguiu no ano seguinte com “Favourite Worst Nightmare” ainda lá estão e a verdade é que quando escutamos «Brianstorm», logo no início, «Teddy Picker», «505», «The View From the Afternoon» e, a fechar mesmo antes do encore, «I Bet You Look Good on the Dancefloor» sentimos aquela aura adolescente, com o sangue a fervilhar nas veias. Num extremo oposto surgem as canções de “Tranquility Base Hotel + Casino”, que de uma forma natural crescem e florescem em torno de Alex Turner que chama a si o piano e do qual a canção com o mesmo nome é o exemplo perfeito. O encore arranca com a nova «Star Treatment» mas depois há uma inflexão que nos leva a “AM” de 2013, primeiro com «Arabella» e depois, para encerrar em beleza e para todos cantarem bem alto, «R U Mine?».

Em modo de descompressão mas não menos intenso, seguiram-se os Orelha Negra no Palco Clubbing. São aquela banda que nunca desilude. São cinco músicos de eleição, Sam the Kid, Fred Ferreira, DJ Cruzfader, Francisco Rebelo e João Gomes, que conseguem desencantar os samples mais surpreendentes e torná-los seus, em composições com cunho próprio e com personalidade.

Fotografia por José Eduardo Real.



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