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NOS Alive! 2023 | Dia 2 (07.07.2023)

Texto por Álvaro Graça e fotografia por Américo Coelho.

Apesar de agendados para o primeiro horário do Palco Heineken, os britânicos The Amazons contavam com uma belíssima moldura humana para os desfrutar, sendo que uma boa parcela do público era sua conterrânea. O quarteto mostrou-se super seguro em palco, patenteando estar acostumada a teatros ainda maiores, propagando o seu rock pesadão, que parece nem sempre condizer com o timbre do vocalista Matt Thomson, que não raras vezes nos remeteu para um não tão apetecível glam rock ou hard rock dos anos oitenta, que fica muito bem no baú.

A celebração dos vinte anos de existência de Linda Martini passou obviamente pelo NOS Alive, evento que conhecem na perfeição, tendo já percorrido os três principais palcos deste festival. Além do número redondo, a banda aproveitou para apresentar a Algés o figurino com Filho da Mãe nas guitarras, alteração promovida após as sessões do mais recente álbum, “Errôr”». Foi precisamente deste trabalho que repescaram a maior percentagem do alinhamento, à qual adicionaram êxitos de uma geração como «Amor Combate» ou «Cem Metros Sereia», assinando-os com a confiança e solidez do costume (e que não parece ceder, pelo contrário).

Estava servido o mote para que os potentes motores dos queridos Idles entrassem em acção, em mais um exemplo de relação extremamente aninhada com as plateias nacionais. Os pulinhos de Joe Talbot aconselham-nos a preparar os músculos, porque a adrenalina instala-se quase que instantaneamente, as letras ressoam acompanhadas a plenos pulmões pela plateia, evidenciando que se entendem e sentem-se nas peles as dores e as injustiças que os Idles bradam bravamente. Na arena desportiva é usual ouvir falar-se em dar 110%, e é exactamente isso que os cinco de Bristol aplicam em cada data das suas digressões. Parece sempre a primeira vez, mas mesmo à quinta acabamos cansados só de os ver palco, mas de alma renovada e pronta para enfrentar novas lutas.

Devido aos compromissos no espaço do Palco NOS, apenas captámos a recta final da performance de Girl In Red, mas deu para sentir a loucura que se tinha apoderado da tenda do palco secundário. Registámos ainda a primeira travessia em regime de crowdsurfing do palco até à ponta contrária da tenda, assinada pela menina de vermelho. O melhor que podemos dizer é que ficámos com pena de não ter presenciado toda a performance da compositora norueguesa.

E, falando em loucura, como se pode descrever aquilo com que João Borsch presenteou o Coreto? Parecíamos estar num festival do festival da canção, onde o jovem músico executava medleys de temas clássicos, mas que afinal são bem novos e refrescantes. E, para quem não tenha decifrado se isto é um elogio, fechamos parágrafo dizendo que foi inquestionavelmente um dos vencedores da décima quinta edição do NOS Alive.

Fazia-se ao Palco Heineken Jorge Palma, munido do seu interminável e brilhante cancioneiro. E que capítulo absolutamente fascinante se escreveu durante aquele período! Tão bonito que Jorge Palma evidenciava regularmente uma notória emoção, e não é para menos quando várias centenas de pessoas entoam as suas letras de fio a pavio. Desfilou o seu rol de sucessos acompanhado em palco pelo filho Vicente Palma, o baixo de Nuno Lucas, os ritmos de João Correia, tudo embrenhado pela direcção do guitarrista Pedro Vidal. Ainda quem em ponto mais pequeno, remeteu-nos para a aparição de Elton John no Glastonbury deste ano.

Num intervalo que não chegou a um ano, os celebrados Arctic Monkeys regressaram a solo luso para carimbar a terceira prestação no NOS Alive. À imagem do que tinham demonstrado aquando dessa última passagem por cá, os AM comprovaram que estão num momento de forma superlativo, misturando a sua sonoridade mais adulta dos tempos que correm com a jovialidade dos trabalhos iniciais. Passam com distinção em ambas as facetas que tão bem lhes reconhecemos. Ao invés do RHCP, os homens de Sheffield não parecem ter recebido críticas quanto às opções do alinhamento, o que provavelmente apenas demonstra que possuem uma falange de suporte mais atenta e dedicada, porque revisitaram todos os trabalhos de estúdio. Em suma, brilharam que nem adultos fluorescentes.

Reportagem do dia 1 aqui e do dia 2 aqui.



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