NOS Alive! 2022 | Dia 3 (08-07-2022)
Texto por Miguel Barba e fotografia por José Eduardo Real.
Ao terceiro dia St. Vincent reinou no Palco Heineken, seguida de perto pelos Três Tristes Tigres.
A ausência de Tom Misch no palco Heineken, forçou a produção a manobras de emergência que resultaram na inclusão de última hora de Nicky Nicole no alinhamento. Os resultados são discutíveis mas fica a intenção, dadas as circunstâncias.
Aos Royal Blood cabia a missão de, no Palco NOS, preparar o terreno para a banda mais aguardada pela maioria, os Metallica. Foi possível assistir à parte inicial do concerto e é justo dizer que a missão foi cumprida com sucesso e até algum brio. Os britânicos eram repetentes no Passeio Marítimo de Algés, onde haviam actuado no Palco Heineken (tinha outro nome na altura). Nessa altura em palco estavam apenas Mike Kerr e Ben Thatcher; agora juntava-se à dupla um terceiro elemento encarregue dos teclados, embora sempre numa posição secundária. Musicalmente os Royal Blood assentam as suas canções num rock musculado, alicerçado numa guitarra baixo com alcance incrível e uma bateria. O concerto arrancou ao som de «Typhoons», canção do álbum homónimo de 2021 e o mote estava dado; uma descarga de rock na dose certa. Seguiram-se «Boilermaker», «Lights Out», «Come on Over» e «Trouble’s Coming», até que nos começámos a dirigir para o Palco Heineken, onde algo memorável estava prestes a acontecer.
Annie Clarke dá corpo a St. Vincent. E tem sido um privilégio observar a sua carreira ao longo de vários períodos, naquilo que pode ser descrito como uma verdadeira metamorfose artística (que ainda se encontra em curso). As duas visitas a St. Vincent, álbum homónimo de 2014, surgem logo no início, com «Digital Witness» logo a abrir e «Birth in Reverse» pouco depois, ambas mais musculadas do que na versão original, e alavancadas pelo coro de 3 vozes de coração soul que acompanham Annie Clark em palco. Para além dos restantes elementos que integram a sua magnífica banda, inclui-se uma dançarina – ou assistente se preferirem – que entre coreografias escrupulosamente cumpridas, também encontra tempo de servir um copo de água numa bandeja a Annie. «Daddy’s Home» é canção que dá título ao álbum onde o funk e soul se fazem sentir. «New York» e «Los Ageless» levam-nos da costa Este à Oeste num ápice e, juntamente com «Sugarboy», transportam-nos para “Masseduction”, corpo estranho e intrigante editado em 2017. Em palco, St. Vincent é incansável e juntos brindamos ao regresso aos palcos, ao regresso dos festivais, a nós e a podermos voltar a viver. «Cheerleader» adquire contornos épicos e «Your Lips Are Red» leva-nos ao já distante “Marry Me”, mas sempre com os ollhos postos no futuro. O final chega ao som a sublime «The Melting of the Sun», numa celebração pura do momento por parte da banda, que ali terminava a tour e do público totalmente rendido a Annie Clark. Valha-nos St. Vincent!
No Palco NOS os Metallica eram iguais a si próprios e entregavam exactamente aquilo que os largos milhares que ali estavam queriam ver e ouvir. Mas outra banda merecia a nossa atenção no Palco Heineken e por isso mesmo, foi para aí que nos deslocámos.
Os Três Tristes Tigres de Ana de Deus (sempre deliciosamente cáustica e incisiva nos seus comentários) e Alexandre Soares, ofereceram um concerto incrível, presenciado por uma imensa minoria que os escolheu e abraçou por completo em detrimento dos Metallica (não tomar como depreciativo, tratou-se apenas e só de uma escolha igualmente válida). Com Fred Ferreira a ocupar-se da bateria, foram percorrendo o seu rico cancioneiro e nem o facto de não termos escutado nem o «O Mundo a Meus Pés» nem o «Zap Canal» beliscaram a sua actuação.
Podem encontrar aqui as reportagens do primeiro, do segundo e do quarto dia.
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