NOS Primavera Sound 2015 | Antevisão
Imaginem...
É dia 4 de Junho. Está sol e um calor que já deixa adivinhar que o Verão se aproxima a passos largos. Durante os próximos 3 dias não chove. É certo (vamos acreditar que sim). O Parque da Cidade no Porto está perfeito como sempre e a paisagem não podia ser mais agradável. Olha-se em redor e podemos ver um, dois, três… quatro palcos.
Faz-se uma passagem rápida pelos Douro Boys, apanha-se um copo de vinho e estamos prontos para dar início à maratona na edição de 2015 do NOS Primavera Sound. O primeiro dia é sempre calmo, já sabemos. Há menos nomes para ouvir. Não somos forçados a ter de fazer escolhas difíceis. As sobreposições só vão começar a dar um ar da sua graça no dia seguinte. Mas o que falta em quantidade, não falta (de todo!) em qualidade.
Bruno Pernadas traz a sua amálgama de géneros ao parque e a probabilidade de escutar uns blues africanos é a mesma de se escutar um pouco de rock psicadélico. Os Nova Iorquinos Interpol darão continuidade ao seu renascimento, qual Fénix. Mac DeMarco é garante de boa disposição e, quem sabe, até pode trazer a mãe que tem sido presença regular nos seus concertos. Mikal Cronin, cúmplice de Ty Segall, apresentará o novíssimo “MCII”. O futuro brilhante está representado por FKA twigs e o passado, não menos brilhante, por Patti Smith, aqui em formato acústico e num registo de spoken word. E porque a noite não pode terminar sem que os corpos se agitem e dancem, há ainda Caribou e The Juan MacLean.
Depois, umas horinhas de sono são recomendadas. Não muitas porque há que aproveitar o tempo ao máximo. Já é dia 5. Passeamos pelo Porto para desfrutar um pouco daquilo que a cidade tem para oferecer. Uma francesinha para os mais corajosos, sempre acompanhada por uns belos finos. Mas sem excessos. A partir do final da tarde vai haver muito para andar e… escolher.
Haverá a hipótese de escutar Antony and the Johnsons. A candura da Banda do Mar. A instituição da canção americana que dá pelo nome de Giant Sand. O dedilhar perfeito de José González. Sua alteza real Patti Smith a interpretar “Horses” na íntegra. A irreverência pós-punk dos canadianos Viet Cong. Os enormes Spiritualized que são daquelas bandas que teimam em passar ao lado de um maior reconhecimento (mais do que merecido). A melancolia passiva-agressiva de Sun Kill Moon. Os deliciosamente politicamente incorrectos Run the Jewels (será quase crime não os ver – nem que seja por um bocadinho apenas!). Só para referir alguns…
No momento em que estas linhas estão a ser escritas, os horários das actuações ainda não conhecidos e é fácil dar por nós a fazer suposições e a construir cenários hipotéticos na nossa mente, sempre com a noção que as malditas escolhas vão ter de ser feitas.
Mais uma horinhas de sono. Desta vez quando despertamos o corpo já se queixa um pouco. A noite anterior foi exigente mas valeu a pena. Olhamos para o céu e o azul continua a imperar. Isso deixa-nos descansados. Desta vez os Death Cab for Cutie vão tocar e estrear-se finalmente por cá. Momentos de pura devoção também são de esperar. Os Einstürzende Neubauten, que trarão o experimentalismo industrial ao Parque da Cidade. Shellac (penso que não é preciso dizer mais nada). Underworld, precursores de todo um movimento em Inglaterra e ainda plenos de relevância. The Thurston Moore Band, porque se se pode ter pelo menos um Sonic Youth nas imediações, não se deve nem pensar duas vezes (ainda para mais com uma My Bloody Valentine a acompanhar no baixo)! São quatro nomes, quatro pedaços de história da música. Mary Timony, ex-Wild Flag, trará as suas Ex Hex (e isto vai ser o mais próximo das Sleater-Kinney que vamos conseguir estar). O noise de Pharmakon. A experiência extra-sensorial que Dan Deacon proporciona. Os Ride, porque Primavera Sound sem shoegaze não faz sentido. Os The New Pornographers, sempre pertinentes, mesmo que sem o ciclone Neko Case. E há também o Manel Cruz que tem sempre algo para dizer e para nos pôr com o sorriso parvo na cara, entre muitos outros…
Sabem qual é a parte boa? Não é preciso imaginar…
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