“O Canto do Anjo – a história de um castrato” | Richard Harvell
À boleia do perfume
Na contracapa de “O Canto do Anjo” (Editorial Presença, 2013), encontramos uma citação que, de certa forma, tem servido para tornar este primeiro romance de Richard Harvell um sucesso de grande proporções, tendo os seus direitos de tradução sido adquiridos por mais de 20 países: «O Canto do Anjo está para o ouvido como O Perfume está para o olfacto».
Esta é a história de Moses Forben, contada pelo próprio como uma autobiografia, desde a sua infância miserável nos Alpes suiços, onde vivia com a sua mãe surda num campanário debaixo de um sino imenso, até ao momento em que se tornou num dos mais importantes cantores de óperas vienenses. Pelo meio há um salvamento operado por dois frades, o abraçar da vida de menino de coro, uma história de um amor impossível e uma forte crítica ao espírito clerical, que sai daqui totalmente amolgado.
Apesar de se ler como uma canção que é quase uma declamação poética, falta a Moses um pouco da maldade (mesmo que melancólica) de Jean-Baptiste Grenouille ou, pelo menos, uma centelha do seu feitio incendiário. Não é que seja má esta revisitação ao festival da canção dos tempos dourados, longe disso, mas o espírito pedia também um pouco de Primavera Sound.
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