“O Chef”
Se não aguentas o calor...sai da cozinha!
Nos últimos anos, a televisão passou a ser um palco para programas onde os cozinheiros são os actores e a comida o roteiro.
De um momento para o outro, termos como: “sous vide“; redução; “sauté” , entre tantos outros, deixaram de ser um mistério reservado a iniciados de avental e é perfeitamente possível ouvir conversas de café em tudo semelhantes à “conversa da bola” mas pontuadas por termos como estes.
Aproveitando essa tendência, Jon Favreau, escreveu, realizou, produziu e interpretou esta história simples e bem disposta, cheia de planos onde a comida é atraente e sedutora como uma diva que se entrega sensualmente às mãos que a acariciam.
Uma coisa que poucas vezes é referida, mas que nem por isso é desprovida de importância, é o estado de alma com que vamos ver um filme e que pode mudar muitas percepções acerca do mesmo. O filme não se torna melhor ou pior pela nossa disposição, mas a experiência altera-se radicalmente em virtude da nossa abertura para a obra.
Neste caso em particular, não trazia expectativas de qualquer ordem, mas estava particularmente disponível para me divertir e foi isso mesmo que aconteceu.
Jon Favreau, apresenta uma comédia cheia de pinta e actualidade, centrada num Chef de seu nome Carl Casper (Jon Favreau) outrora considerado uma estrela em ascensão e que agora apesar de estar à frente da cozinha de um elegante restaurante, está longe de manter a paixão e originalidade dos primeiros tempos.
A realidade confortável e cautelosa de Casper é colocada em causa, após uma crítica dura por parte de um poderoso crítico culinário (Oliver Platt), que o descreve na internet como um Chef preguiçoso que perdeu o brio e a coragem. Casper após uma fase inicial de revolta e indignação, vê-se obrigado a pôr em causa, não só a sua paixão pela cozinha, mas também a forma como se posiciona perante a vida.
Uma segunda oportunidade surge na forma de uma carrinha de “comes e bebes” de sabores latinos, que o leva a reencontrar as suas raízes na Miami onde nasceu para a cozinha.
Esta é contudo uma viagem que não se faz sozinho…
O Chef é um filme muito divertido, onde é quase impossível não ficar bem disposto. A fotografia é boa, a banda sonora é contagiante (passei o filme a abanar o pé) e tem diálogos engraçados.
Era exactamente o que eu precisava naquele dia, tal como às vezes a única coisa que queremos comer, é uma massa com alho ou uma tosta de queijo ( vão perceber quando virem o filme)…
A sensação de bem-estar foi tão grande, que na altura nem me apercebi, que os elementos essenciais do filme, como: a relação pai filho, as diferenças geracionais e a descoberta dos reais valores da vida, são tratados neste filme com todos os clichés habituais.
A lógica narrativa é de uma linearidade primária (não tem sequer um twist na história), e actores como Dustin Hoffman, Robert Downey Jr. e Scarlett Johansson, são completamente subaproveitados nesta película.
Mas se a ideia é satisfazer o estômago, nem sempre é necessário um jantar de degustação. Por vezes chega fast food.
Desta fez satisfez-me, por isso sai com um Satisfaz!
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