“O Comboio Errado” de Jeremy de Quidt
Uma viagem de pesadelo(s)
O meu primeiro contacto com o universo das estórias de terror aconteceu entre o final da infância e o início da adolescência. A curiosidade e o medo andam de mãos dadas, e, entre olhos meio fechados e noites por dormir lá arrisquei em espreitar os universos literários de gente ilustre como Stephen King, William Peter Blatty, Edgar Allan Poe ou Jay Anson. Dos livros, saltei para o cinema e, ainda hoje, o gosto pelas estórias de arrepiar me acompanha.
É por isso que saúdo, que se saúda, a edição de O Comboio Errado (Topseller, 2017), primeiro tomo da coleção Topseller#Bliss, subchancela para jovens adultos, do britânico Jeremy de Quidt, autor de livros como The Toymaker e The Feathered, ambos sem edição portuguesa, cuja narrativa é sinonimo de vários contos que têm como ponto de partida uma arrepiante viagem de comboio de um jovem que tem como última estação uma plataforma completamente vazia», na realidade um «Posto Ferroviário onde se realizam as reparações da via», num universo escuro. Desse nada, surge um homem estranho, «de candeia numa mão e, na outra, um saco de compras e uma trela amarrada a um pequeno cãozinho», recheado de contos que se transformam em pesadelos que prometem deixar os cabelos eriçados.
Com uma escrita inteligente e cativante que lembra As Histórias de Terror do Tio Montague, de Chris Priestley, O Comboio Errado reúne um conjunto de contos repletos de rocambolescas e assustadoras reviravoltas, recheados de momentos que misturam surrealismo com suspense e algum humor negro, ingredientes essenciais para uma (boa) estória de contornos horripilantes, e este livro está repleto delas, sejam os protagonistas meninas aparentemente singelas, um sinistro Cadillac escarlate, um fotógrafo particular ou uma especial baby-sitter.
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