O Duplo
A construção da identidade pela Mala Voadora.
A Mala Voadora, estrutura de criação associada à ZDB, apresenta, de 11 a 14 de Novembro, no NEGÓCIO a peça “O Duplo” com direcção de Jorge Andrade. Este espectáculo, foi apresentado no CCB no âmbito do Festival Temps D’Images.
Quais as personagens presentes no imaginário colectivo contemporâneo? Quais os nossos heróis ou, por outras palavras, quais os nossos modelos? Que histórias influenciam, actualmente, o construir de uma identidade individual?
Em, O Duplo somos confrontados com os estereótipos que pautam as recordações de todos os que nasceram envolvidos pelo cinema e pela televisão.
O Duplo é uma peça sem enredo ou personagens, mas cheia de acção e com uma soundtrack refinada (como se quer que seja o mais apurado produto de uma cultura de massas).
Um homem, anónimo, vestido também anonimamente, olha-nos especado, neutro, inexpressivo enquanto cenas tornadas famosas pelo grande ecrã são projectadas ao fundo. Dois actores, duas vozes, entoam temas vencedores de Óscares para melhor Banda Sonora Original. O homem continua a olhar passivo, não vê as imagens projectadas atrás de si, mas vê-nos a nós, os espectadores.
Reconhecemos as imagens de imediato: “Bond, James Bond”, Batman, Superman, Dr, Strangelove, etc, etc. Reconhecemos também as canções e acompanhamo-las baixinho. Sorrimos porque nos lembramos e, acima de tudo porque nos identificamos.
O Duplo integra um ciclo desenvolvido pela Mala Voadora em torno da(s) identidade(s) (“O decisivo na política não é o pensamento individual, mas sim a arte de pensar a cabeça dos outros (disse Brecht)”, “Chinoiserie”, “Huis Clos”.). Aqui questiona-se a identidade colectiva e a identidade individual como uma extensão da mesma, os seus limites e, acima de tudo, as suas impossibilidades e perplexidades, tornando evidente os perigos de, numa cultura de massas, o “eu” ser também pouco mais que um produto standartizado.
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