“O Estado do Bosque”
“No vosso mundo sou um cego, mas aprendi a ver no escuro”
Estamos perante um bosque. Quem entra, entra porque quer a viagem. E o que é que vão encontrar? John Wolf, o guia cego da floresta. Os caminhantes, Peter Weil, Jacob e a jovem Vivienne Mars, entregam-se ao bosque, cada um com as suas razões para almejar aquele percurso, para conhecer aquele homem que também está a fazer a sua viagem, mas uma estática por sua vez.
A peça insere-se no ciclo de programação “O Nome de Deus”, mas, nas palavras de Luís Miguel Cintra, “não é um texto que celebra, é um texto que provoca”. A vida não se mostra regida pela autoridade da Igreja, apenas pelas escolhas de cada um. A programação já passou por textos bastante radicais quanto à Igreja Católica; neste caso, a questão colocada passa principalmente pelo caminho que todos percorremos, e pelo objectivo que nos faz prosseguir – “uma interrogação que é afirmação de fé”.
As personagens encontram-se no bosque, partilham experiências; será que estão numa viagem ou numa fuga? E de quê? Infelizmente, a peça tem momentos demasiado introspectivos. Há um jogo de luzes que acaba por distrair a audiência, e foge à história em vez de a reflectir. Mas o texto de José Tolentino de Mendonça é incrivelmente rico, cria um jogo com a linguagem e as ideias que ao mesmo tempo esconde e descobre, e quem o quiser jogar sairá da sala com vontade de decifrar todas as suas adivinhas.
“O Estado do Bosque” de José Tolentino de Mendonça
Encenação Luís Miguel Cintra Interpretação Luis Miguel Cintra, Nuno Nunes, David Granada e Vera Barreto
Em cena no Teatro da Cornucópia – Teatro do Bairro Alto de 7 a 24 de Fevereiro
De 3ª a Sábado às 21h – Domingo às 16h
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