“O Primeiro Homem de Roma” | Colleen McCullough
Todos os caminhos vão dar a Roma
Ao longo do percurso escolar, para além das habituais queixinhas feitas ao Português e à Matemática, é usual escutar esta máxima liceal que, com maior ou menor dificuldade, tem resistido ao tempo e saltado de geração em geração sem perder pontos: «Não gosto nada de História.»
Porém, para quem tenha a sorte de ter uma professora como Collen McCullough, a História será certamente a disciplina dourada, fazendo com que muita miudagem sonhe tornar-se no novo Hermano Saraiva à escala planetária.
“O Primeiro Homem de Roma” (Bertrand Editora, 2013), livro que dá início à série Senhores de Roma – num total de sete livros -, é um fabuloso retrato social e político de Roma no final da República, começando em 110 A.C., numa linha temporal que vai até 100 A.C.. Nele estão presentes as intrigas familiares, os jogos de bastidores, a política das alianças, o uso e abuso dos atentados, os filhos dados para adopção e das filhas oferecidas para casamento, de um império que tem na guerra o seu maior alimento.
Neste ambicioso retrato da Roma Antiga assistimos à ascensão de duas figuras mal-nascidas, a quem pelo berço ou pelo sangue ninguém traçaria um futuro risonho: Caio Mário e Lúcio Cornélio Sula.
Caio Mário é um arrivista oriundo do meio rural, um poderoso militar e genial estratega, com fama de não saber falar grego. Apesar de bem cotado entre as cúpulas do poder, o seu sangue não é sufucuentemente bom, pelo que o desejo de se transformar no Primeiro Homem de Roma – o primeiro entre outros homens seus iguais em estatuto social e oportunidades – parece uma insondável quimera.
Lúcio Cornélio Sula vive à conta entre duas mulheres, apesar de ter uma predilecção por rapazes bem esculpidos. Teve uma vida difícil, vendo a mãe morrer nova e tendo de tomar conta do pai, que bebia como uma esponja, quando tinha apenas 16 anos. Apesar de as suas origens o tornarem elegível para a glória política vive a tragédia da penúria, demasiado orgulhoso para contrair um empréstimo.
Quando o futuro parecia estar pintado de negro para ambos, um homem irá atravessar-se no caminho de ambos, possibilitando-lhes um destino gravado a ouro: Caio Julius César, resignado a um posto humilde mas com uma grande visão e um refinado sentido prático.
Fruto de uma investigação impecável e carregado de pormenores, “O Primeiro Homem de Roma” é uma viagem no tempo até uma das mais incríveis etapas da história da humanidade, numa era em que o nascimento determinava o destino de uma pessoa. Caio Mário e Lúcio Cornélio Sula conseguiram iludir a história e escrever o seu próprio destino. E logo a letras douradas.
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