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Cinema Francês

Não há segredos. A criação, a invenção e reinvenção, um longo e árduo trabalho, o investimento público e privado, e uma estratégia bem montada de promoção do Cinema Francês no mundo são ingredientes essenciais para esse “fenómeno”

Mais de 70 milhões de entradas e 435 milhões de receitas, foi o estimado, em 2011, para os filmes de produção francesa nas salas de Cinema fora do País, com 509 filmes exibidos em 69 países. Um aumento de 10% e 19%, respectivamente, em relação a 2010, com os Países anglo-saxónicos a contribuírem largamente para este aumento. Também o ano passado, as longas e curtas-metragens francesas foram difundidas em 93 canais de televisão internacionais.

Os recentes Óscares ganhos pelo filme  “The Artist” e pela actriz Marion Cottillard, as nomeações para eles, ou os números espectaculares de espectadores de muitos outros filmes franceses dentro e fora do hexágono – como por exemplo “Intouchables” / “Amigos Improváveis”, ou “Sur la piste du Marsupilami” (ainda por estrear em Portugal) -, fazem-nos interrogar,  hoje, sobre o sucesso da produção francesa actual.

Não há segredos. A criação, a invenção e reinvenção, um longo e árduo trabalho, o investimento público e privado, e uma estratégia bem montada de promoção do Cinema Francês no mundo – que, após alguns anos, está a dar frutos cada vez mais visíveis – são ingredientes essenciais para esse “fenómeno”. Factores como a qualidade e singularidade dos olhares e da narrativa, o trabalho de criadores, produtores, distribuidores, actores e equipas envolvidas, estão na linha da frente do sucesso.

No entanto, isso não bastaria se não houvesse uma estratégia nacional para a promoção do Cinema Francês além-fronteiras e os meios para a criação de uma verdadeira indústria que se impõe de forma sustentada.

Nessa linha, foi determinante a criação, em 1949, da Unifrance Films, uma associação, sob a tutela do Centre National du cinéma et de l’image animée com quase 600 aderentes  – englobando produtores de longas e curtas-metragens, exportadores, realizadores, actores, argumentistas e agentes artísticos – que têm a seu cargo a promoção e exportação do Cinema Francês no estrangeiro e que pôs em marcha ferramentas que permitiram e permitem um estudo aturado e constante dos mercados internacionais e da forma como estes vão evoluindo. Este “saber fazer” excepcional é uma mais-valia para todos os interessados. Com este utensílio precioso, a Unifrance Films acompanha a carreira dos filmes em vários Países, quer nas estreias comerciais nas salas de Cinema quer nas televisões, fornecendo elementos e acompanhando assim os filmes franceses recentes desde a venda à distribuição.

Convém dizer aqui também que França produz actualmente entre 200 a 300 filmes por ano, sendo grande parte deles em co-produção, o que se traduz numa vitalidade e diversidade extraordinárias. Convém também aqui referir que França é o segundo maior exportador de Cinema do mundo.

O Institut français, a agência que, sob a égide do Ministério dos Negócios Estrangeiros, superintende a rede dos estabelecimentos culturais franceses no estrangeiro, tem um acervo de 3500 títulos cujos direitos de difusão não comercial adquiriu, o que lhe permite apoiar a rede de Instituts français e Alliances françaises, espalhados pelo  mundo, na realização de ciclos temáticos, retrospectivas, etc.

É de 101 Instituts français + 125 anexos o número de Institutos franceses espalhados pelo mundo.

Acompanhando a evolução do mundo tecnológico, o Institut français concebeu e lançou, o ano passado, uma alternativa à distribuição física, a plataforma IFCinema – Cinema em Linha que foi desenvolvida pelo Universciné e permite descarregar filmes para exibição pública, não comercial, na sua rede de estabelecimentos culturais no estrangeiro, com uma oferta de, neste momento, 160 filmes legendados em 14 línguas.

Mas, o Institut français não apoia apenas o Cinema Francês e gere, com o Centre National du cinéma et de l’image animée a Ajuda aos cinemas do mundo. Este apoio, uma iniciativa conjunta do Ministério da Cultura e do Ministérios dos Negócios Estrangeiros, põe à disposição das produções de qualquer nacionalidade, um mecanismo de apoio, no âmbito de uma co-produção com França.

O Institut français tem ainda a seu cargo a difusão do património cinematográfico africano, com uma das mais importantes colecções de filmes africanos dos anos 60 até aos nossos dias. A Cinémathèque Afrique, criada em 1961 pelo Ministério da Cooperação, para salvaguarda e difusão desse rico património, dispõe no seu catálogo de mais de 1500 títulos, dos quais 700 estão  livres de direitos para difusão não comercial, através da rede dos estabelecimentos culturais no estrangeiro.

O Institut français organiza também, desde 2009 – em parceria Organisation Internationale de la Francophonie,  o Audiovisuel Extérieur de la France – RFI, Monte Carlo Doualiya, France 24, TV5 Monde e o CFI-Canal France International  – com o objectivo de promover o diálogo entre culturas e a diversidade cultural, o Pavillon des Cinémas du Monde que teve como padrinhos, este ano no Festival de Cannes, a actriz e realizadora Maria de Medeiros e o realizador Elia Suleiman.

Do lado dos privados, convém também aqui referir o trabalho ímpar da Fondation Groupama Gan pour le Cinéma, criada em 1987 aquando da 40ª edição do Festival de Cannes, com a dupla função de contribuir para a salvaguarda do património cinematográfico mundial – recordamos que ela apoiou o restauro de duas cópias de filmes de Manoel de Oliveira ou a produção do filme Capitães de Abril de Maria de Medeiros – e de apoiar o desenvolvimento do Cinema contemporâneo, nos domínios da produção, distribuição e exibição.

Em Portugal, assiste-se actualmente a um novo recrudescimento da presença de filmes franceses, ou de produção francesa, nas salas de Cinema portuguesas, mas também dos números de espectadores e de salas que os exibem.

Aqui, há que realçar o enorme esforço dos distribuidores portugueses, dos festivais de Cinema e em particular da Festa do Cinema Francês, criada em 2000 e organizada pelo Institut français du Portugal (IFP), com o objectivo de promover o Cinema Francês e de apoiar os distribuidores portugueses na promoção dos filmes cujos direitos adquiriram, apresentando-os em antestreia com  a presença de artistas convidados

Com mais de 30 000 espectadores em 2011, a Festa do Cinema Francês impõe-se como um dos maiores festivais nacionais.

A sua 13ª edição, em 2012, vai ter lugar de 4 de Outubro a 9 de Novembro em seis cidades do País (Lisboa, Almada, Faro, Porto, Coimbra e Guimarães) com extensões nas Universidades de Lisboa e Évora e nas cidades de Estarreja, Seixal e Setúbal. A conferência de imprensa para a apresentação da programação desta edição será a 18 de Setembro no IFP, data a partir da qual também vai poder saber tudo em www.festadocinemafrances.com. Entretanto pode desde já inscrever-se no site para receber a newsletter que a Festa do Cinema Francês vai enviar com seu o dia-a-dia.

 

Festa do Cinema Francês



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