O2 @ Sabotage
Electrónica à solta.
Depois de uma primeira festa a olhar para o céu através de um observatório astronómico oitocentista, a Rádio Oxigénio saiu à rua novamente e trouxe as estrelas até si para um dos cartazes mais completos deste ano: Who made Who, Jackson and His Computer Band e Jamie Lidell. Três nomes para três álbuns que certamente vão entrar nas listas do próximo mês.
O Sabotage Club, próximo do Cais do Sodré, foi o local escolhido para o evento e próximo da uma da manhã começaram as actuações – todas devidamente enquadradas pelos radialistas (aqui em formato DJ) Isilda Sanches, Jorge Évora, Tiago Santos, Rui Murka no piso inferior e Rui Portulez na sala/lounge do piso superior.
Who made Who: os três dinamarqueses apresentaram-se desta vez na versão futebolista anos 70/80 em estágio, com fato-de-treino a condizer, deixando os esqueletos no armário. O concerto não desiludiu e em certos momentos o público reagiu como se numa discoteca estivesse, tal foi o ritmo contagiante das batidas «flat beat» ou «satisfaccion». Lugar ainda para um head-to-head Guitarra vs. Baixo com vantagem para a primeira pelos destemidos saltos de Jeppe das altas colunas para o palco.
Jackson and His Computer Band: depois da euforia a introversão. Jackson entrou em palco expôs todos os seus argumentos sem dar espaço sequer para uma salva de palmas entre cada música. Olhando esporadicamente para o público, mas focando a sua atenção no G4 (+ live!) e no knobs à sua frente, descarregou Smash! de um assentada. Um concerto directamente para a cabeça.
Jamie Lidell: sem qualquer dúvida o homem da noite. Com uma actuação irrepreensível iniciada depois das 4am (!) foi o ponto aglutinador de todo o evento. Longe vão os tempos de Supercollider e talvez não haja nome que assente melhor a um álbum como “Multiply”. Desmultiplicando-se sucessivamente em som através de samples, reverbs e ecos, cantando e compondo consigo mesmo em tempo real, conseguiu ainda dividir a sua própria imagem com a ajuda preciosa de Pablo Fiasco num jogo esquizofrénico de resultados surpreendentes.
Se a nível de concertos a festa deste ano parece ter ganho em relação ao ano anterior o mesmo já não se pode dizer em termos de público. O espaço tinha todas as condições para fazer a transição entre as 3 actuações e a pista de dança, mas isso não se verificou com tanta facilidade como no arejado observatório; apesar de composto, poderia ter-se proporcionado um clima mais festivo (talvez pelos preços praticados pela gerência do bar; se bem que não é preciso álcool para obter sucesso, ajuda bastante ter preços mais convidativos depois de se pagar 20€ à porta).
No entanto, o saldo acabou por ser bastante positivo em termos de espectáculo, com escolhas de qualidade que acertaram em cheio.
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