One Man Show
Andrew Bird @ Lux.
Antes de descrever o que se passou na discoteca lisboeta, na noite que vai ficar apelidada de “Mas que assobio tão bonito”, gostaria de agradecer à Ananana pelo atrevimento e coragem de trazer a Portugal um dos artistas mais marcantes de todo o ano editorial.
Perante uma plateia muito bem composta e após os minutos de espera da praxe, Andrew Bird subiu ao palco do Lux para encantar o “informado” público presente, que sabia muito bem o que iria assistir. Todos aqueles que foram apanhados desprevenidos e pensavam que Andrew Bird era “só mais um daqueles tipos que escrevem canções, têm uma boa voz e pensam que sabem muito de música”, devem ter saído do Lux de boca aberta e surpreendidos pelo excelente espectáculo que o músico de Chicago apresentou na capital.
Mais do que um escritor de canções e senhor de uma grande voz, Andrew Bird é um tremendo músico. Apoiado “apenas” por um violino, uma guitarra, pedais para samplar-aquilo-que-toca e o seu tremendo assobio, Bird tomou a liberdade de fazer do Lux a sua sala-de-estar. Durante uma hora e meia, experimentou, improvisou e transformou as suas estrondosas composições em deliciosos momentos de música ao vivo.
Para além da notável capacidade de controlar os instrumentos e samplar ao mesmo tempo, Andrew Bird é extremamente expressivo. Ele revira os olhos como um lunático, olha para todos os lados, mexe as pernas, contorce-se todo e apresenta o inevitável «Nervous Tick Motion of the Head to the Left», representado na perfeição.
Do alinhamento, o já clássico “The Mysterious Production of Eggs”, editado este ano, teve o destaque merecido e não foram esquecidos alguns dos temas que ficarão para a história do melhor que se produziu em 2005, como por exemplo «Sovay», «Fake Palindromes» (onde Andrew se esqueceu de parte da letra, mas ninguém se chateou com isso), «Banking on a Myth» e «Skin is, My».
A mente de Andrew Bird está repleta de “monstros”, ansiedades e reflexões sobre o amor, sobre si próprio e sobre a sociedade. Pelo meio de algumas “falsas partidas”, perdoadas e até aplaudidas, surgiram alguns temas inéditos, o último dos quais, «Black Matter», já no segundo encore, promete ser mais uma excelente composição “apocalíptica” do músico norte-americano.
Em suma, a passagem de Andrew Bird pela capital proporcionou uma excelente noite de música ao vivo e veio demonstrar que o músico é muito mais que um mero songwriter. O one man show de Bird mostra-nos um tremendo performer, um excelente compositor e um estrondoso músico, sempre com uma pitada de eloquência à mistura.
No dia 9 de Setembro, é a vez de Famalicão receber, sentado, o espectáculo de Andrew Bird. Esperemos que o concerto seja tão bom como aquele a que pudemos assistir no Lux e que o músico possa regressar rapidamente a Portugal.
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